Ciro reforça sua raiz nordestina Com a saída de Lula da corrida ao Planalto, presidenciável do PDT inicia em em Pernambuco a busca pelos votos da região que iriam para o petista

SÁVIO GABRIEL
savio.gabriel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 07/09/2018 03:00

Em sua primeira passagem por Pernambuco após o início da campanha eleitoral, o candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) foi apresentado por aliados como o único presidenciável que possui identificação com as necessidades do eleitorado nordestino. Em ato no teatro João Lyra Filho, o pedetista falou sobre problemas como desemprego e violência, ressaltando que é preciso mudar o formato atual da política, classificado por ele como conservadora. “Ele (Ciro) é o único candidato que tem raiz profunda com o eleitorado do Nordeste.  Vamos fazer do Nordeste uma voz libertária, que dê ao Ciro Gomes maioria absoluta”, afirmou Carlos Lupi, presidente nacional do PDT.

Com uma candidatura de esquerda, a estratégia é de que o palanque do pedetista possa converter votos que antes iriam para o ex-presidente Lula, após este ter sido impedido de concorrer neste ano pelo Tribunal Superior Eleitoral. Ainda em seu discurso, Lupi ressaltou que Ciro é o “único candidato que tem coragem e ousadia para enfrentar o sistema financeiro” e que o papel é fazer dele “o candidato do povo”. “Com nossa voz, nossa luta, em cada voz, cada casa, cada pessoa, vamos transmitir Ciro como esperança do povo”.

O presidenciável fez questão de mostrar afinidade com a cultura e o ambiente político do estado, afirmando que o Ceará e Pernambuco são da mesma tribo. “A cultura nordestina deve a Pernambuco. Desde o velho frevo até (o cantor) Johnny Hooker, que parece um brega chique deslumbrante. Tem o mangue beat, o Chico Science”. O postulante ressaltou a proximidade entre o Ceará e Pernambuco ao dizer que o estado que governou foi fundado por Pernambuco e que o Ceará “cedeu” o ex-governador Miguel Arraes, nascido no Araripe.

Preterido pelo PSB, que firmou acordo com o PT em âmbito nacional e deixou sua candidatura isolada, o pedetista também aproveitou o evento para fazer críticas à aliança das duas siglas. “Ficamos mordidos com o que aconteceu aqui, por Pernambuco e pelo Brasil. Não é mais razoável que em pleno século 21 tramas de gabinete tirem do povo sua liberdade de escolher. Isso nega a democracia e a violenta”, disse, referindo-se ao impedimento da vereadora Marília Arraes (PT) de disputar o governo do estado. “Não é o direito de Marília de ser candidata, que tinha dois anos de corda, de estímulo do partido, e na hora da onça beber água, só para me deixar sem voz na televisão, passaram a rasteira na moça. Prestamos solidariedade”.

Ciro afirmou ainda que o Brasil precisa mudar, mas que a elite pensa o oposto. “Temos 13,7 milhões de desempregados, 32 milhões de brasileiros estão empurrados a viver na informalidade, 63 milhões com nome sujo no SPC”. O pedetista afirmou que o país tem “condição física e humana para mudar”, mas que a falha está na política. “Não precisa copiar a China e a Coreia. Vamos copiar o Brasil”.