Vladimir Souza Carvalho
Membro das Academias Sergipana e Itabaianense de Letras
Publicação: 19/07/2025 03:00
No meio da caminhada, a minha atenção se volta para a presença de dois saguis no manguezal. Do lado do calçamento, um outro desce de uma árvore e tenta atravessar a pista. Hesita, ao me ver. Eu paro, para que ele passe. O sagui olha para todos os lados, e, finalmente, trespassa, subindo os galhos mais próximos. Permaneço parado, porque vários saguis surgem, o que me deixa curioso. Um pouco atrás, um cidadão se aproxima, com um pacote na mão, me revelando que os saguis estão à sua espera, acostumados a lhes levar banana. Então, coloca a mão na sacola, apanha as bananas e começa a distribuir, em pedaços, para os saguis, que, a esta altura o número já chega a dez, mais ou menos. Volto a caminhar.
Me lembro então de outras jornadas com Rebelo e a revelação de que os saguis têm um meio de comunicação via sinais que atinge, salvo engano de memória, ao número de cento e cinquenta. Quando um percebe que há alguém com banana para ofertar, emite o sinal – que o humano não escuta – e, os demais, ali perto, aparecem nos galhos, uns mais afoitos, recebendo o pedaço da fruta na mão de quem oferta, outros, tímidos, o receio do homem, até se renderem as evidências e quedarem a oferta, deglutindo a oferenda. O sinal também funciona em momento de perigo.
Algo interessante se sobressai. Apesar do aviso geral de banana próxima, - afinal, a banana é novidade, no mangue não há bananeira alguma -, a união desaparece quando a fruta é ofertada. O sagui, em geral, se afasta, para não ser molestado por outro, o receio de que algum mais esperto lhe tome o pedaço da fruta que carrega. Fora daí, a união, que faz a força, prevalece, como vi, em outra ocasião, quando um cidadão conseguiu prender um numa sacola de plástico, e, imediatamente, apareceram vários e vários saguis em defesa do prisioneiro, que, graças aos bons deuses, foi liberto em decorrência da intervenção de um policial que, no momento, por ali passava, obrigando o ladrão a abrir a bolsa de plástico, o animal se retirando rapidamente.
O fato não passou impunemente. O sagui, ao ganhar a liberdade, e antes de pular em um galho, juntando-se aos companheiros que vieram em seu socorro, deu o troco, dentes afiados, mordendo o infrator. Um ui bem alto, o sangue escorrendo do dedo. Bem empregado.
Me lembro então de outras jornadas com Rebelo e a revelação de que os saguis têm um meio de comunicação via sinais que atinge, salvo engano de memória, ao número de cento e cinquenta. Quando um percebe que há alguém com banana para ofertar, emite o sinal – que o humano não escuta – e, os demais, ali perto, aparecem nos galhos, uns mais afoitos, recebendo o pedaço da fruta na mão de quem oferta, outros, tímidos, o receio do homem, até se renderem as evidências e quedarem a oferta, deglutindo a oferenda. O sinal também funciona em momento de perigo.
Algo interessante se sobressai. Apesar do aviso geral de banana próxima, - afinal, a banana é novidade, no mangue não há bananeira alguma -, a união desaparece quando a fruta é ofertada. O sagui, em geral, se afasta, para não ser molestado por outro, o receio de que algum mais esperto lhe tome o pedaço da fruta que carrega. Fora daí, a união, que faz a força, prevalece, como vi, em outra ocasião, quando um cidadão conseguiu prender um numa sacola de plástico, e, imediatamente, apareceram vários e vários saguis em defesa do prisioneiro, que, graças aos bons deuses, foi liberto em decorrência da intervenção de um policial que, no momento, por ali passava, obrigando o ladrão a abrir a bolsa de plástico, o animal se retirando rapidamente.
O fato não passou impunemente. O sagui, ao ganhar a liberdade, e antes de pular em um galho, juntando-se aos companheiros que vieram em seu socorro, deu o troco, dentes afiados, mordendo o infrator. Um ui bem alto, o sangue escorrendo do dedo. Bem empregado.