Ameaça dos EUA motivou pedido da PGR
Paulo Gonet afirmou que ameaças de Eduardo Bolsonaro ficaram "deletérias" após declarações do secretário de Estado norte-americano
Publicação: 19/07/2025 03:00
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Alexandre de Moraes: Bolsonaro e filho fizeram "confissão flagrante" de atos criminosos |
Em manifestação de 14 páginas, protocolada no Supremo Tribunal Federal, o procurador-geral da República Paulo Gonet Branco alega que ameaças de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ficaram mais “deletérias” após a declaração do secretário de Estado dos EUA Marco Rubio, confirmando “grande possibilidade” de sanções ao Brasil. A advertência de Rubio, feita em maio, foi usada por Gonet para pedir ampliação de medidas restritivas contra Bolsonaro.
O parecer do procurador chegou às mãos do ministro Alexandre de Moraes na última quarta-feira. Sexta-feira, a Polícia Federal fez buscas nos endereços de Bolsonaro que passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica. O ex-presidente também está obrigado a ficar em casa à noite e nos fins de semana.
Segundo o PGR, medidas impostas anteriormente a Bolsonaro - apreensão do passaporte e proibição de se ausentar do país - não são suficientes para impedir uma eventual fuga do ex-presidente em caso de condenação.
A ação do golpe está em sua fase derradeira. Para o procurador, com o encerramento da fase de instrução do processo, “o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, anunciaram o emprego de ações para obstruir o curso do processo e evitar a aplicação da lei penal brasileira”.
Gonet argumenta que os investigadores da Polícia Federal já vinham identificando “diversas publicações, entrevistas e agendas promovidas por Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, visando à consecução dos fins ilícitos investigados”. Com as declarações de Marco Rubio, o PGR considerou que as “ameaças” de Eduardo Bolsonaro se tornaram mais graves.
STF
Na decisão divulgada ontem pelo STF, o ministro Alexandre de Moraes escreveu que o ex-presidente e seu filho Eduardo fizeram uma “confissão flagrante” de atos criminosos para coagir e obstruir a Justiça brasileira, motivo pelo qual decidiu impor medidas cautelares contra Bolsonaro.
Eles são investigados pelos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e atentado à soberania. A Primeira Turma do STF formou, ontem, maioria por manter as medidas cautelares contra Bolsonaro. (Estadão Conteúdo e Agência Brasil)