Simbolismo histórico da tornozeleira de Bolsonaro Bolsonaro Segundo cientista político, há uma inversão de papéis no país: quem antes apontava um Lula preso, agora está sendo alvo de medidas cautelares do STF

Publicação: 19/07/2025 03:00

Bolsonarismo perde apoios da direita e centro direita com as medidas contra seu líder
Bolsonarismo perde apoios da direita e centro direita com as medidas contra seu líder

Na manhã de sexta (18), o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) foi alvo de mandados da Polícia Federal (PF) com uma operação de busca e apreensão, e a determinação do uso de tornozeleira eletrônica como medida cautelar. A cena de Bolsonaro sob medida cautelar é muito simbólica, analisa o historiador, doutor em História Política, jornalista e cientista político Alex Ribeiro. Afinal, é uma troca de papéis: quem apontava para um Lula preso - seu maior adversário político - agora é quem usa a tornozeleira.

A ação aconteceu na residência de Bolsonaro e nos demais endereços ligados ao PL, ao qual ele é filiado. As medidas foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), após a Procuradoria Geral da República (PGR) apontar risco de fuga do ex-presidente e alertar para prisão em caso do descumprimento das medidas. Na busca, foram encontrados US$ 14 mil e R$ 7 mil, além de um pendrive no banheiro do ex-presidente.

Para Ribeiro, após os últimos eventos, parte da considerável direita e da direita centrista, que se interessa pela boa economia, tende a se afastar do bolsonarismo: “Quando você vê um ex-presidente não ajudando, leva esses grupos de interesse centristas a ficarem ao lado do governo”, pondera. A consequência é a perda do lastro político.

Agora, de acordo com o especialista, qualquer cálculo político “equivocado” poderá levar à uma desaprovação ainda maior. Ainda segundo Ribeiro, figuras como os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Mina Gerais, Romeu Zema (Novo), que “ainda tentam ficar junto de Bolsonaro”, acabarão prejudicados em um possível pleito eleitoral no próximo ano. 

SANÇÕES
Bolsonaro, que já está sem seu passaporte, também foi proibido de usar as redes sociais e de falar com o filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que se encontra auto exilado nos EUA. Segundo investigações, o ex-presidente teria enviado R$ 2 milhões para financiar a operação liderada por Eduardo, nos EUA, contra o Brasil e ministros do STF, segundo investigação da PF.

Com o uso da tornozeleira, também foi estabelecido ao ex-presidente o recolhimento domiciliar em Brasília, de 19h às 6h de segunda a sexta, e em tempo integral durante os finais de semana e feriados, sem manter contato com autoridades estrangeiras, embaixadores ou se aproximar de sedes de consulados e embaixadas.

LULA
Do outro lado, o governo do presidente Lula (PT), tem ganhado ainda mais popularidade, já indicam as pesquisas feitas após os embates com Donald Trump. “O discurso (de Lula) da soberania nacional, a bandeira da democracia, isso pesa, está pesando agora, e leva o governo Lula a um cenário positivo”, conclui o cientista político. (Da redação)