De patins, para atender mais rápido Após perder o emprego como auxiliar de serviços gerais em um mercadinho, Técio resolveu apostar na venda de rua

Publicação: 08/07/2017 09:00

Em meio aos carros que ficam no engarrafamento da esquina entre as avenidas General Mac Arthur e Mascarenhas de Morais, no bairro da Imbiribeira, o ambulante Técio Lagos, 23 anos, passa como uma flecha perto dos veículos quase parados. Nos horários de pico, a velocidade média dos carros, ônibus e caminhões é de 5 km/h. Vendendo dudu a R$ 1 sobre patins, o ambulante chega a 40 km/h e consegue atender a quase todos os motoristas que esperam no trânsito. O “pulo do gato” para trabalhar no trânsito do Recife, diz Técio, é usar o patins. Além de dar agilidade ao trabalho, o calçado propicia diversão, exercício físico, além de cansar menos do que correr.

Por dia, Técio vende cerca de 200 dudus. Morango, coco, açaí com banana, milho verde, tangerina e uva são os sabores do gelado. A ideia de vendê-los surgiu depois que Técio ficou desempregado. Trabalhava como auxiliar de serviços gerais em um mercadinho. “Quando fui demitido, lembrei do hobby de andar de patins. Pensei em unir a diversão com o trabalho. No primeiro dia, vim com sacolés, mas derreteram. Mas não desisti. Pensei no dudu, e a ideia, finalmente, deu certo.”

O ambulante “bate ponto” de segunda a sexta-feira na rua. Chega às 9h e vai embora por volta das 16h com as caixas de isopor vazias. “Venho como se eu trabalhasse numa empresa. Cumprimento meus colegas de trabalho (outros ambulantes), me organizo (Técio usa farda com proteção UV, microfone para não precisar gritar e boné personalizado) e começo a trabalhar.”

O mesmo trânsito que garante o sustento de Técio também representa riscos. Para diblar o engarrafamento, muitos motoristas e motociclistas pegam um “atalho” na ciclofaixa que vem da Avenida Antônio Falcão até a Mascarenhas de Morais. “Já me acidentei, pois um carro passou na ciclofaixa, onde circulo com os patins, e eu não vi até ele se aproximar. Caí por cima da caixa de isopor e fiquei com dores”, relata. De acordo com a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife, não existe regulamentação para patins como meio de transporte no Código de Trânsito Brasileiro. Dessa forma, usuários de patins podem usar as calçadas ou dividir espaço com bicicletas nas rotas cicláveis.

Ranking da lentidão

As dez cidades com o pior trânsito do mundo*:
  1. Calcutá, Índia
  2. Daca, Bangladesh
  3. Sharjah, Emirados Árabes Unidos
  4. Mumbai, Índia
  5. Petrória, África do Sul
  6. Déli, Índia
  7. Teerã, Irã
  8. Manila, Filipinas
  9. Rio de Janeiro, Brasil
  10. Recife, Brasil

* Leva em consideração o tempo médio de deslocamento, emissão de CO2 e ineficiência do trânsito

As cinco cidades mais lentas do Brasil (em tempo de deslocamento):

1º Rio de Janeiro
56,41 minutos

2º Recife
54 minutos

3º Belo Horizonte
51,7 minutos

4º São Paulo
47 minutos

5º Porto Alegre
42,6 minutos

O trânsito de Pernambuco:
  • 2.870.777 - é a frota de veículos de Pernambuco (até junho de 2017)
  • Só no Recife são 683.271 veículos
  • 13% da área total da cidade do Recife é o espaço necessário para estacionar todos os veículos da frota de Pernambuco
  • Isso significa que a cada 8 m2, 1m2 seria ocupado por veículos
  • Os veículos da frota de Pernambuco enfileirados dariam a distância aproximada entre o Recife e Teresina, no Piauí
  • Enfileirados, os veículos da frota de Pernambuco preencheriam 220 avenidas Agamenon Magalhães, lotadas de ponta a ponta
O trânsito do Recife:
  • 10º lugar entre as metrópoles com o pior trânsito do mundo
  • 2ª posição no ranking de demora no trânsito entre as cidades brasileiras, perdendo apenas para o Rio de Janeiro
  • 54 minutos é o tempo médio em cada deslocamento do recifense
  • Ou seja, por dia, quem passa pelo trânsito do Recife gasta quase duas horas preso em congestionamentos
  • Isso significa que alguém que dorme oito horas por noite passa 12% do tempo acordado parado no trânsito
Evolução da frota de veículos em Pernambuco
  • 1961 - 28.961
  • 1971 - 80.244
  • 1981 - 238.689
  • 1991 - 459.120
  • 2001 - 945.061
  • 2011 - 2.074.599
  • 2017 - 2.870.777
Evolução da frota de veículos no Recife
  • 1961 - 12.265
  • 1971 - 51.368
  • 1981 - 119.046
  • 1991 - 230.451
  • 2001 - 350.731
  • 2011 - 570.979
  • 2017 - 683.271