Engarrafamento S.A. Vendedores e empresas aproveitam o alto número de carros nas ruas do Recife para driblar a crise

textos: Anamaria Nascimento e Wagner Oliveira | local@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 08/07/2017 03:00

Eles arriscam a vida para sustentar suas famílias. Em meio aos carros, motos, ônibus e caminhões, os vendedores ambulantes das principais ruas e avenidas do  Recife têm quase tudo para oferecer aos clientes. Na contramão da crise que já deixou cerca de 13,5 milhões de desempregados no país, homens e mulheres saem de casa todos os dias destinados a vender. A seu favor, contam com os engarrafamentos provocados pela avalanche de carros que ganham as ruas. Até o mês passado, 2.870.777 era o total da frota de veículos no estado. No Recife, o número era de 683.271 veículos, segundo o Detran-PE.

Pesquisa recente divulgada pelo site Numbeo aponta o Recife no 10º lugar do ranking das metrópoles com o pior trânsito do mundo. Além disso, a capital do estado aparece na segunda posição na lista de demora no trânsito entre as cidades brasileiras, perdendo apenas para o Rio de Janeiro. O tempo médio que o recifense perde em cada deslocamento é de 54 minutos, segundo o levantamento. Especialistas ouvidos pelo Diario são unânimes em dizer que a solução para o trânsito é melhorar o transporte público.

Enquanto isso não acontece, tem muito gente ganhando dinheiro no trânsito. O engarrafamento diário de quase um quilômetro na Rua General Joaquim Inácio fez um restaurante da Ilha do Leite descobrir uma maneira de aumentar a venda de pizzas. Há cinco meses, dois funcionários da Skillus Classic circulam entre os veículos oferecendo sabores aos motoristas.

A ideia surgiu quando o administrador Jair Konrad Júnior passou a observar o trânsito em frente ao estabelecimento. Por um mês, ele cronometrou quanto tempo os veículos levavam para passar no semáforo. Chegou à conclusão que os carros passavam até 20 minutos parados. “Nunca gostei desse trânsito. Agora, estou começando a gostar”, brinca Konrad. A mudança de opinião se justifica nos números crescentes de venda. Por dia, cerca de 100 pizzas - com oito fatias cada - são vendidas. A de mussarela custa R$ 15. A de calabresa, R$ 20. O mesmo faz a galeteria Yoki, na Avenida Abdias de Carvalho, que vende galeto no trânsito da via que dá acesso à BR-232 em épocas em que a rodovia fica engarrafada, como no São João.