Sob as vestes do teatro Ator e figurinista Roberto Costa e sua esposa Mônica Vilarim conversam com o Viver sobre longeva parceria e a influência do teatro

ANDRÉ GUERRA

Publicação: 06/06/2025 03:00

 (FRANCISCO SILVA/DP FOTO)

A pulsão criativa e a vontade de trazer algo novo para a cidade, de vesti-la das mais diversas cores e texturas, é o principal motor de produção do ator e figurinista pernambucano Roberto Costa. Nascido no Recife, em 1964, ele mergulhou cedo no universo das artes fazendo teatro na escola e, já em 1979, começou a se envolver em diferentes projetos artísticos da cena local, como o grupo Colcha de Retalhos, de Jô Ribeiro. E esse era só o começo de uma história que dividiria com sua parceira de vida, a atriz e empresária Mônica Vilarim, com quem mantém até hoje a loja de aluguel de figurinos Truk da Cena.

O artista chegou a montar sua própria produtora, Roberto Costa Produções, em 1987, com a qual realizou desde montagens de clássicos até trabalhos autorais, como O Circo Mágico, Papai Noel Conta, A Cigarra e a Formiga e Canta o Natal. E Foi justamente nessa época que a estrada dele e a de Mônica se cruzariam. Os dois se conheciam da época da infância, já que seus pais trabalharam juntos por mais de três décadas no Sindicato dos Tecelões, e quando ela soube, através de sua mãe, que Roberto estava montando a peça A Cigarra e a Formiga, resolveu fazer um teste para participar.

“Juntos desde então, não paramos mais. Entramos na Aquarius Produções Artísticas, do saudoso Bóris Trindade, com quem realizamos uma série de outros espetáculos, enquanto montávamos outros paralelamente”, conta Roberto Costa em bate-papo com o Viver, destacando ainda o que foi um dos momentos de maior sucesso em toda a sua carreira. “Jeison Wallace (ator) me chamou para fazermos uma cooperativa, a Trupe do Barulho, lançada com o espetáculo Cinderela, a História que Sua Mãe Não Contou, que, no texto original, se chamava A Bicha Borralheira. Em 1991, foi quando tudo começou, e foi aquele sucesso que todos conhecem e do qual, até hoje, nós colhemos frutos”. 

A Trupe do Barulho incluía ainda os atores da formação original Aurino Xavier, Edilson Rygaard, Flávio Luiz, Inaldo Oliveira, Jô Ribeiro, Luciano Rodrigues e Paulo Pontes, realizando várias outras montagens icônicas, como A casa de Bernarda, Banda Pão com Ovo e Allyce no País das Marabibas.

Já trabalhando com teatro há muito tempo, Roberto começou a receber diversas propostas de aluguel de roupas e, percebendo uma carência grande na cidade de fantasias e figurinos variados fora das sazonalidades, ele e Mônica começaram a Truk da Cena, inicialmente um espaço temporário no Plaza Shopping, durante o carnaval, que rapidamente se mudou para a galeria Joana D’Arc, em Paulista. “Foi uma loucura quando abrimos, então percebemos que não existia naquela época um lugar assim, que criasse suas próprias peças e que funcionasse o ano todo. Passado o carnaval, muita gente quer figurinos para diversas ocasiões, inclusive para montagens de teatro e filmes”, ressalta Roberto.

Utilizando o próprio teatro como sua principal fonte de inspiração para suas roupas, os dois artistas nunca deixaram de se apresentar e de produzir diferentes peças. “A dedicação aos figurinos seguiu em paralelo com a dedicação aos personagens que escrevemos e interpretamos na nossa vida. Eles, na verdade, é que são a principal fonte de inspiração para que a gente possa continuar alimentando o imaginário e a imaginação dos pernambucanos. É uma honra poder fazer e vestir o teatro há tantos anos, sempre juntos”, celebra Mônica, reafirmando a força complementar das artes.