10 ANOS SEM EDUARDO » O homem que acreditava no Brasil Conhecido por seu poder de articulação e pelos resultados de sua gestão, o ex-governador segue na memória política, econômica e social de Pernambuco. Uma trajetória que inicia no gabinete de Arraes e encerra com uma mensagem ao país

Publicação: 13/08/2024 03:00

Há exatos dez anos, um acidente de avião em Santos, Litoral de São Paulo, encerrou precocemente uma das carreiras mais vitoriosas da política brasileira. Aos 49 anos, morria o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, herdeiro de uma das mais proeminentes dinastias da política do estado. A queda do jatinho, no dia 13 de agosto de 2014, também marcou uma reviravolta na campanha para a presidência da República daquele ano.

Neto do ex-governador Miguel Arraes, Eduardo tinha se lançado na disputa contra Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), tentando emplacar uma ideia de “terceira via” para encerrar os intermináveis duelos entre petistas e tucanos, que monopolizavam o Planalto nos anos anteriores. A corrida eleitoral foi vencida por Dilma, que depois sofreu impeachment e foi substituída pelo então vice, Michel Temer (MDB).

A história mostra, ainda, um vácuo deixado pela liderança do ex-deputado e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, com repercussão nos pleitos seguintes. No entanto, o PSB, partido comandado por Arraes e Eduardo, fez sucessores na prefeitura do Recife e no Governo de Pernambuco. Geraldo Julio e Paulo Câmara, técnicos ligados a Campos, foram alçados aos cargos de prefeito e governador. Filho de Eduardo, João Campos também venceu eleições usando bandeiras defendidas pelo pai e ocupa o principal posto do Executivo na capital pernambucana.

O BRASIL PAROU

O acidente parou o Brasil. Por volta das 10h daquele 13 de agosto, o jatinho caiu em um bairro residencial. A aeronave prefixo PR-AFA decolou do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao Aeroporto de Guarujá, também no litoral paulista. Quando se preparava para pouso, o avião arremeteu devido ao mau tempo. O controle de tráfego aéreo perdeu contato com a aeronave.

Além de Campos, outras 6 pessoas estavam na aeronave: Alexandre Severo Silva, fotógrafo; Carlos Augusto Leal Filho (Percol), assessor; Geraldo Magela Barbosa da Cunha, piloto; Marcos Martins, piloto; Pedro Valadares Neto e Marcelo de Oliveira Lyra. O corpo de Eduardo Campos foi enterrado na noite do dia 17 de agosto, no Cemitério de Santo Amaro, no Recife, ao lado de Arraes.

O sepultamento foi seguido por uma multidão, que acompanhou o cortejo de cerca de dois quilômetros do Palácio do Campo das Princesas até o cemitério. Conforme a Polícia Militar (PM), somando velório, cortejo e sepultamento, participaram das cerimônias fúnebres cerca de 160 mil pessoas.

Em 2018, a Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito e apresentou quatro causas possíveis do acidente: colisão com um elemento externo, desorientação espacial, falha de profundor e falha de compensador de profundor. O equipamento é uma parte do estabilizador horizontal e é responsável pelo controle do movimento da aeronave em torno do eixo lateral.

EMERGENTE
A morte de Eduardo aconteceu em um momento em que ele se colocava como liderança emergente da política nacional. O ex-governador se apresentava nacionalmente  como um “homem que acreditava no potencial do Brasil”.

Horas antes da morte, Campos concedeu uma entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, e disparou uma das frases consideradas mais emblemáticas da carreira: “Não vamos desistir do Brasil. É aqui onde vamos  criar nossos  filhos. É aqui onde devemos criar  uma sociedade mais justa”.