ESPECIAL INFRAESTRUTURA » Obras estruturantes mudam a cidade Com uma série de intervenções, o Promorar deve se tornar o programa de maior impacto e marcar o fim de alagamentos históricos

Publicação: 14/06/2025 06:30

As calhas do Rio Tejipió estão sendo alagadas dentro de um projeto de macrodrenagem (Rafael Vieira/PCR)
As calhas do Rio Tejipió estão sendo alagadas dentro de um projeto de macrodrenagem

O Programa de Requalificação e Resiliência Urbana em Áreas de Vulnerabilidade Socioambiental (Promorar) é uma das iniciativas da Prefeitura do Recife voltada à melhoria urbana, construção de habitacionais e de infraestrutura em áreas da cidade com vulnerabilidade socioambiental. O programa tem o apoio técnico e financeiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com duração de seis anos e um investimento total de R$ 2 bilhões. Os recursos são aplicados em urbanização integrada, macrodrenagem da bacia do Rio Tejipió - uma das principais causas dos alagamentos da cidade e obras de encostas.

Na área de urbanização integrada, o programa realiza obras e construção de equipamentos sociais nas comunidades de Irmã Dorothy, Aritana, Beira da Maré, Nova Esperança e Vila do Papel, com entregas previstas para 2025 e 2026. Recursos do programa também são direcionados para a estabilização de encostas, visando a prevenção de deslizamentos de barreiras em áreas de risco em bairros como Nova Descoberta, Ibura, Guabiraba, Dois Unidos, Cohab e Vasco da Gama.

ALARGAMENTO
Por meio do Programa, a Prefeitura do Recife vem promovendo ações para mitigar os impactos das chuvas a partir de dois eixos principais: a macrodrenagem da Bacia do Tejipió e obras de urbanização integrada em comunidades diretamente afetadas pelas chuvas. Em 2025, estão previstos investimentos de R$ 44 milhões.

O ProMorar já concluiu a primeira etapa da obra de alargamento de 850 metros do Rio Tejipió, no bairro do Barro. Com o serviço, a largura quase triplicou de tamanho, passando de 6 para 17,3 metros na sua extensão de margem a margem no ponto maior. A profundidade do rio no ponto máximo mais que duplicou, saindo de 0,8 metros para 1,9 metro. O trabalho contribui para solucionar os problemas de alagamentos e inundações, uma vez que melhora a vazão das águas. O investimento nessa etapa foi de R$ 4 milhões.

Os serviços beneficiaram bairros como Ipsep, Barro, Areias e Imbiribeira e comunidades como Beirinha e Jardim Uchôa. A previsão é que o ProMorar invista um total de R$ 500 milhões na macrodrenagem da bacia do Tejipió, incluindo também os rios Moxotó e Jiquiá.

Ainda este ano, o ProMorar fará a macrodrenagem de mais quilômetros do Tejipió. Essa nova etapa contempla o bairro do Bairro, na altura do terminal da garagem da Empresa Metropolitana, até a Avenida Recife, na Imbiribeira.

O Promorar terá um investimento total de R$ 2 bilhões (Rafael Vieira/PCR)
O Promorar terá um investimento total de R$ 2 bilhões


Parques vão contribuir com a macrodrenagem

Uma das soluções apontadas nos estudos da macrodrenagem da bacia do Tejipió foi a construção de parques alagáveis. No fim de 2024, o Recife ganhou o primeiro equipamento deste tipo, localizado entre os bairros de Areias e Ipsep, às margens do rio.

Com um investimento de R$ 2,5 milhões, o parque foi projetado pela Autarquia de Urbanização do Recife (URB) para servir como área de lazer nos períodos secos e atuar como bacia de retenção durante chuvas intensas, ajudando a mitigar enchentes. Além de proporcionar lazer, o parque tem como objetivo melhorar a qualidade da água e criar habitats naturais para diversas espécies de flora e fauna.

Após a conclusão do alargamento e aprofundamento de um quilômetro do rio, no Barro, está em andamento a construção do Parque Alagável do Campo do Sena, no mesmo bairro. Com investimento de R$ 3,4 milhões, este será o primeiro dos quatro parques que o ProMorar Recife deve construir. No projeto, o campo de futebol existente na área funcionará como um reservatório de águas fluviais durante os eventos de chuvas.

Locais são escolhidos por perfil

A definição das intervenções nas áreas contempladas pelo Promorar é baseada em diagnósticos do cenário urbano e socioambiental do Recife. Entram no perfil localidades com desigualdade socioterritorial, vulnerabilidade social, carência de infraestrutura, déficit habitacional e baixa resiliência urbana.

O Gabinete do Promorar e o BID utilizam critérios para a escolha das tipologias de obra, como a identificação de Comunidades de Interesse Social (CIS) mapeadas em 2014 pelo Atlas de Infraestruturas Públicas. Essas CIS apresentam déficit de infraestrutura básica, índices de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) e ausência de cobertura da rede de esgoto da Compesa.

O programa também foca em regiões de planície com maior incidência de alagamentos e áreas de morro com risco alto e muito alto de deslizamentos de terra, conforme classificação da Defesa Civil do município. De acordo com a prefeitura, há 13 comunidades com projetos em elaboração.