PT não definiu apoio na disputa ao governo Em entrevista exclusiva ao Diario, senador afirmou que apoio do partido a João Campos ou Raquel Lyra em 2026 vai depender do cenário nacional
Cynthia Morato e
Ricardo Dantas Barreto
Publicação: 13/05/2025 03:00
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Entrevista - Humberto Costa // Senador
O senhor vê o cenário em Pernambuco como cristalizado entre o prefeito João Campos (PSB) e a governadora Raquel Lyra (PSD)?
Eu não acredito muito em ter uma terceira via. Talvez esse campo mais da extrema direita deva botar um nome para o governo para constar e tentar fazer o segundo senador. Uma terceira via é inviável. Eu acho que os dois nomes mesmo são os de João e Raquel.
E com quem o PT estará na disputa pelo Governo do Estado em 2026?
A gente não vai poder tomar essa decisão sem um contexto nacional. A primeira coisa que é relevante é que esses candidatos estejam com a candidatura de Lula. Para gente é quase uma condição sem a qual não se faz um um entendimento. Esse é um primeiro ponto. O segundo ponto é que, quando você souber quais são todas as peças vai começar a discutir com os partidos nacionalmente.
Na composição da nova gestão do prefeito João Campos o seu grupo ainda não foi contemplado?
É, mas o entendimento que eu tenho é que a composição de um governo tem que ter a cara do do chefe do governo. Quem tem que ter a autonomia para fazer essa escolha é o presidente, o governador ou prefeito. Aqui o que aconteceu foi isso. O prefeito contemplou o PT. E contemplou com algumas pessoas que ele considerou que teriam mais a contribuir com a gestão municipal. E nós, sem nenhum problema, compreendemos.
Agora, Raquel Lyra colocou pessoas do seu grupo no governo estadual.
No caso da prefeitura, concordemos ou não, foi uma decisão do partido. Houve divergência sobre quem deveria ir, quem deveria ser indicado para as secretarias. Agora, no caso do Governo do Estado, aí têm sido participações mais individuais ou indicações de integrantes das bancadas, não houve uma decisão do partido. Então, é um cenário um pouco diferente.
Na Assembleia, a bancada do PT não faz assim, digamos, uma oposição sistemática à governadora, não é?
Quando a gente decidiu uma posição de oposição ao governo do estado, a gente também previu a possibilidade de um certo grau de autonomia da bancada. Mas a bancada realmente tem uma aproximação com o governo. Certamente, se em algum momento a gente for discutir sobre participar ou não do governo estadual, a bancada vai ser, com certeza, um segmento do partido que desejará ter essa participação. Mas essa questão não foi colocada nem para o PT da parte dela e nem o PT também tá colocando essa questão.
Vai ser colocado quando? No período das pesquisas eleitorais?
Você está falando de participar ou não do governo? Ninguém vai participar de qualquer coisa se não tiver um convite formal.
Então não estaria descartado o PT ter um candidato a senador na chapa de Raquel?
Não, é isso que estou dizendo. Vai depender de todo esse contexto que vai ser analisado nacionalmente. Além do mais, se você for olhar, nenhum candidato ao Senado, nenhum partido está assumindo posição ao lado de quem quer que seja. Está todo mundo esperando para ver. No caso nosso, a nossa questão maior é o cenário nacional.
Para a chapa João Campos tem Humberto Costa, Silvio Costa Filho, Miguel Coelho, Marília Arraes, todos querendo disputar o Senado.
E tem mais. Também do outro lado tem. É Eduardo da Fonte. Você acha que esses outros aí também não estão nesse mesmo dilema?
O PT vai manter a federação com PV e PCdoB?
O PT deve manter essa federação, que deve até talvez trazer mais um ou dois partidos se for possível. Agora, o grande problema é que, para a federação continuar existindo, na minha opinião, tem que rediscutir o estatuto, porque a gente teve alguns problemas que precisam ser resolvidos. Mas se dependesse da base do PT, não se manteria.