Delegado é agora delegada
Divorciado e pai de dois filhos, o titular da DP de Trindade-GO muda de sexo perto de completar 33 anos
Publicação: 24/01/2014 03:00
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Antes Thiago, Laura já pediu transferência para a Delegacia da Mulher |
O pedido para lotação na Delegacia da Mulher foi feito pela própria delegada à direção da Polícia Civil de Goiás. A cúpula da corporação acompanha o caso desde que Laura decidiu mudar de gênero, em 2012. “Ela nos procurou logo após conversar com a família. Disse da sua decisão. Explicamos que era um assunto particular, mas que apoiaríamos, com acompanhamento profissional e psicológico, inclusive”, disse o delegado-geral adjunto da Polícia Civil goiana, Daniel Felipe Diniz Adorni.
O policial explicou que, do ponto de vista da corporação, o que interessa é o desempenho profissional. O investigador entrou nas fileiras da polícia goiana por meio de concurso realizado em 2008. Até então, era escrevente do 7º Tabelionato de Notas, na capital do estado, função que exerceu entre 1995 e 2009. A lotação como delegado de 3ª Classe ocorreu em 2010. A primeira missão foi no norte de Goiás, em Porangatu, onde foi lotado no Grupo de Repressão a Narcóticos (Genarc) da cidade.
Com alguma experiência na bagagem, foi transferido para a região metropolitana de Goiânia, onde passou pelos municípios de Senador Canedo (um dos mais violentos do entorno da capital) e de Trindade. Como Thiago, segundo o colega Daniel Diniz, o comportamento profissional sempre se destacou. “A carreira é irrepreensível. Era um ótimo delegado. O que nos interessa é isso. A Polícia Civil não tem vergonha desse assunto, tem vergonha é de corrupção e ineficiência. Tudo bem que essa não é uma bandeira da polícia, mas foi uma atitude de caráter da pessoa que ele, e agora ela, é”, disse o delegado-geral adjunto. O presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Goiás (Sindepol), Fábio Alves de Castro Vilela, concorda: “É questão pessoal dela. O que importa é que sua conduta profissional é louvável”.
Em sua página pessoal de uma rede social, o delegado se apresenta com a nova identidade: Laura de Castro Teixeira. Como imagem de fundo, chama a atenção uma fênix renascida, publicada em outubro do ano passado, que teria sido à época da cirurgia para mudança de sexo. Nos comentários das fotos, já com o visual feminino, familiares, amigos e colegas de trabalho postam mensagens de apoio. O Correio Braziliense/Diario tentou, sem sucesso, falar com o investigador. (Almiro Marcos, Helena Mader e Maryna Lacerda)