DP+SAúDE » Saiba tudo sobre a varíola do macaco Brasil tem primeiro caso da doença, que já infectou, segundo a OMS, mais de mil pessoas pelo mundo. Não há, porém, motivo para pânico.

Do Estado de Minas, com BBC News

Publicação: 13/06/2022 03:00

Foi confirmado, na semana passada, o primeiro caso de varíola dos macacos no Brasil. Trata-se de um homem de 41 anos que, segundo informações iniciais, passou por Portugal e Espanha no mês passado. Ele está internado no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo (SP), desde o dia 6. A confirmação foi divulgada pela Secretaria de Saúde de São Paulo após resultado de exame feito pelo Instituto Adolfo Lutz por RT-PCR do vírus Varicela Zoster (com resultado negativo) e análise metagenômica do material genético, quando então foi identificado o genoma vírus da varíola dos macacos.

De acordo com a pasta, o paciente está em bom estado clínico. Todos aqueles que tiveram contato com ele têm sido monitorados pelas equipes de vigilância. Além do caso confirmado há, ao menos, outros oito suspeitas de varíola dos macacos no Brasil, sendo cinco homens e três mulheres. De acordo com o governo federal, são dois em Santa Catarina, dois em Rondônia, um em Pacatuba (CE), um em Porto Alegre, um em Corumbá (MS) e um outro em São Paulo (SP).

“Essa doença é um evento incomum e inesperado em áreas não endêmicas. Trata-se de um agente com alto potencial de transmissão por contato através de gotículas, principalmente por fluidos corporais, e existe a necessidade de assegurar a assistência - o que inclui tratamento, capacidade laboratorial, equipamentos de proteção, e descontaminação”, disse Janaína Sallas, representante da Secretaria de Vigilância de Saúde.Até o momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que já foram confirmados mais de mil casos de varíola dos macacos no mundo. Os sintomas geralmente são leves e desaparecem por conta própria em cerca de três semanas. Mas é importante saber o que se trata.

Tira-dúvidas

O que é?


É uma doença causada por um vírus monkeypox da mesma família do vírus da varíola humana, mas com consequências muito menos sérias aos infectados. A doença é geralmente encontrada na África Central e na África Ocidental e, mais especificamente, em áreas de floresta tropical. Na República Democrática do Congo, onde há densas florestas, mais de 1,2 mil casos foram relatados somente este ano e 57 mortes registradas (até 1º de maio de 2022), segundo a OMS.

Como a varíola dos macacos é transmitida?

A varíola dos macacos é transmitida quando alguém tem contato próximo com uma pessoa infectada. O vírus pode entrar no corpo por lesões da pele, pelo sistema respiratório ou pelos olhos, nariz e boca. Não é uma doença que se espalhe tão facilmente, mas pode infectar da seguinte forma:
  • ao se encostar em roupas, lençóis e toalhas usadas por alguém com lesões de pele causadas pela doença;
  • ao se encostar em bolhas ou casquinhas na pele de pessoas com essas lesões;
  • pela tosse ou espirro de pessoas com a varíola dos macacos.
Até agora, o vírus não foi descrito como uma doença sexualmente transmissível, mas pode ser passado durante a relação sexual pela proximidade entre as pessoas envolvidas. Mas autoridades ressaltam que qualquer pessoa, independentemente de sua orientação sexual, pode ser contaminada. Animais infectados também podem transmitir o vírus.

Qual é o tratamento?

A melhor forma de prevenir surtos é com a vacinação: a vacina da varíola é capaz de prevenir a ampla maioria dos casos de varíola dos macacos. Drogas antivirais também podem ajudar. De modo geral, a infecção passa por conta própria. O vírus da varíola dos macacos é da mesma família da varíola comum, mas menos grave e prevalente, e por isso as chances de infecção de grandes populações é considerado baixo.
  • O vírus foi identificado inicialmente em um macaco em cativeiro nos anos 1970, e desde então houve surtos esporádicos em países africanos.
Quais são os sintomas?

Depois da infecção, leva-se geralmente de 5 a 21 dias para os primeiros sintomas surgirem.

Esses sintomas incluem febre, dor de cabeça, dor nas costas ou musculares, inflamações nos nódulos linfáticos, calafrio e exaustão. E nesse processo pode surgir a coceira, geralmente começando no rosto e depois se espalhando por outras partes do corpo, principalmente nas mãos e sola do pé. A coceira, que costuma ser bastante irritante e dolorida, muda e passa por diferentes estágios - de modo parecido à varicela - antes de formar uma casquinha, que depois cai. A infecção costuma terminar depois de 14 a 21 dias. A maioria das infecções até agora são leves. Mas a doença pode ganhar formas mais severas, especialmente em crianças pequenas, mulheres grávidas e pessoas com sistema imune frágil. Na África Ocidental, já houve casos de mortes pela doença.