Rosacruz, a fraternidade aberta a todos
Criada com conhecimentos adquiridos na Europa medieval e no Egito antigo, ordem estuda os mistérios do universo
Publicação: 11/02/2017 03:00
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Antônio De La Maria destaca que faraó egípcio foi o primeiro a difundir ideais de cultura e paz |
Na Idade Média, quando quase ninguém ousava questionar os dogmas impostos pela Igreja Católica na Europa, surgiu a Ordem Rosacruz. Embora sigam preceitos, seus integrantes não a consideram uma religião nem uma doutrina. Trata-se, segundo eles, de uma organização fraternal que se dedica à pesquisa místico-filosófica. Surgida na Alemanha, a ordem atua no Brasil há 60 anos e tem sede geral em Curitiba, no Paraná, com 40 mil adeptos. Em Pernambuco, está presente desde 1959, e no Grande Recife tem 1,5 mil membros. São seguidores de um movimento apolítico, não lucrativo, que buscam vivenciar a fraternidade, despertando o poder interior de cada um para uma vida plena, mais justa e feliz.
Há duas versões para a origem da ordem. A primeira delas vem com a publicação do manifesto Fama fraternitatis, em 1614 na Alemanha. Segundo esse documento, um monge chamado Christian Rosenkreuz fundou a instituição por volta de 1401, usando conhecimentos adquiridos em viagens pelo Egito, Síria e Marrocos, na companhia de um misterioso mestre monástico. O manifesto convocava as pessoas para que se juntassem a uma organização de grupos seletos que estudavam os mistérios da vida, do próprio ser humano e do universo. Além desse, também foram publicados outros dois manifestos importantes, que regem a ordem até os dias atuais.
Outra versão se refere às crenças do próprio Egito, mas ainda na Era Antiga. Essa linha sustenta que o faraó Akhenaton adquiriu ensinamentos sobre a ideia de um Deus único e os difundiu. “Foi ele quem, pela primeira vez, manifestou o espírito dos ideais da cultura de paz. É considerado o primeiro grande mestre (dirigente geral) por ter aperfeiçoado seu sistema de leis, princípios filosóficos e ritualísticos”, explica o membro da Rosacruz em Pernambuco, Antônio De La Maria, responsável pela divulgação da ordem e ex-mestre da Loja Recife, como se chama a sede da organização. É partir da data geral do reinado deste faraó que conta o ano para os adeptos da Rosacruz. A ordem está portanto, no ano 3369, que será comemorado no mês de março.
A Rosacruz aceita pessoas de qualquer religião e raça. “Nosso lema é a mais ampla tolerância na mais irrestrita independência e máxima liberdade interior do ser. A fraternidade e convívio, independe de raça e sexo, inclusive aceitamos os ateus”, afirma Antônio. Na ordem, há ainda integrantes do clero, como padres, pastores e até agnósticos. A associação forma livres-pensadores. Deus, na concepção da Rosacruz, é um conceito. “O deus antropomórfico que premia e castiga, não existe. Esse está morto”, observa De La Maria.
Segundo ele, a ordem propõe trabalhar o autoconhecimento por meio do reflexo do seu estado interior. “Através do desenvolvimento de suas potencialidades, dando atenção às emoções e pensamentos. Essa relação se manifesta por meio de leis cósmicas. Estudamos essas leis e colocamos em prática”, resume.
Para ingressar na associação é preciso se afiliar. O cadastro pode ser feito no site www. amorc.org.br. É necessário preencher uma ficha com dados pessoais e apresentar justificativas para querer fazer parte da Rosacruz. A ficha é analisada e, somente após a aprovação do mestre, a pessoa tem autorização para participar efetivamente das reuniões, que acontecem diariamente nos templos. Mas os rosacrucianos, como são chamados os integrantes da entidade, também praticam seus estudos em suas próprias casas.
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