Comoção e raiva por morte de dois policiais Homem teria matado os agentes em Nova York para "vingar" as mortes de dois negros por policiais, crimes que abalaram os Estados Unidos

Publicação: 22/12/2014 03:00

Pessoas fizeram um memorial na catedral onde foi celebrada missa para os policiais (SPENCER PLATT /afp)
Pessoas fizeram um memorial na catedral onde foi celebrada missa para os policiais
Oassombro e a raiva tomaram conta de Nova York ontem, no dia seguinte ao assassinato de dois policiais por um indivíduo que, aparentemente, queria vingar a morte de dois homens negros, cujas mortes provocaram vários protestos nas últimas semanas nos Estados Unidos. Os dois policiais, Wnjian Liu, de 32 anos, recém-casado, e Rafael Ramos, de 40 anos, pai de um adolescente de 13, foram mortos a sangue frio com tiros na cabeça, enquanto estavam dentro de sua patrulha estacionada em frente a um conjunto residencial no Brooklyn, na tarde de sábado.

O assassino, um homem negro de 28 anos, supostamente pertencente ao grupo Black Guerilla Family e com antecedentes criminais, cometeu suicídio após o crime em uma plataforma do metrô.

Nenhum dos policiais teve tempo de sacar suas armas e talvez nem mesmo tenham podido ver o criminoso, explicou o chefe da polícia de Nova York, Bill Bratton.
O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e Bratton, assistiram juntos a uma missa, ontem, na catedral de Saint Patrick. Pessoas se aproximaram do local da tragédia para depositar flores e velas em memória dos policiais mortos.

O assassino, identificado como Ismaaiyl Brinsley, tinha vindo de Baltimore e anunciou suas intenções na rede social Instagram. Ao lado da foto de uma arma, ele escreveu a mensagem: “Hoje dou asas aos porcos. Eles levam um de nós... Vamos levar 2 deles”. “#ShootThePolice #RIPErivGardner #RIPMikeBrown”, continuou, em alusão a Eric Garner, um homem negro que morreu em uma detenção violenta, em julho, em NY, e ao adolescente Mike Brown, morto pelas mãos de um policial em Ferguson, no Missouri, em agosto.

O duplo assassinato acontece no pior momento para o prefeito democrata. Suas relações já são tensas com a sua polícia, que o acusa de não apoiá-la suficientemente e de ser tolerante demais com os manifestantes, que foram várias vezes às ruas de Nova York nas últimas semanas para denunciar as mortes de Garner e Brown. “Prefeito De Blasio, o senhor tem claramente as mãos sujas de sangue destes dois policiais”, acusou Edward Mullins, presidente da Sergeants Benevolent Association (SBA), uma organização que reúne 11 mil policiais da ativa ou aposentados de NY.