Dossiê do SUS revela abandono Documento enviado pelo Conselho Federal de Medicina ao Ministério da Saúde relata os problemas enfrentados por pacientes e médicos

Publicação: 19/08/2017 03:00

O Conselho Federal de Medicina (CFM) entregou ao Ministério da Saúde um dossiê com 15 mil páginas para denunciar o abandono do Sistema Único de Saúde. O levantamento foi feito durante dois anos e meio — a partir de janeiro de 2015 — em 2.936 ambulatórios e postos de saúde. O resultado confirma problemas que pacientes e profissionais da saúde enfrentam há décadas: redução do número de leitos, sucateamento, falta de medicamentos, subfinanciamento, má administração.

O dossiê traz à luz carências elementares, ausência de recursos que impedem o atendimento de necessidades básicas. Faltam seringas, agulhas, toalhas de papel, sabonete, estetoscópio, termômetros e, inclusive, consultórios, ou seja, há postos de saúde que funcionam sem um cômodo reservado para consultas. “No Brasil, para a população ter acesso ao serviço, precisa fazer peregrinação”, diz a professora Helena Shimizu, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB).

A situação caótica da saúde pública no país tende a continuar mesmo com os recentes aumentos de impostos. A maior destinação de recursos para o setor é reivindicação presente em propostas que tramitam sem prazo de aprovação no Congresso Nacional. Com isso, o futuro se mostra nebuloso.

“É possível prever a volta de muitas doenças”, anuncia a professora Helena Shimizu. O pessimismo tem fundamentação objetiva: falta de investimentos em cobertura vacinal e para a atuação da vigilância sanitária. “Há alguns meses, tive de percorrer cinco postos de saúde para conseguir proteção contra a febre amarela”, conta a especialista em saúde coletiva. A intenção era buscar a imunização para si própria e para o filho, um garoto de 11 anos, preocupação que tem a ver com Brasília ser área de ocorrência endêmica da doença.

Resposta
O Ministério da Saúde, por meio da sua assessoria de imprensa, argumenta que adota gestão austera para o melhor planejamento do gasto público e a expansão dos serviços à população. A pasta ressalta que a União concentra o maior percentual do total de recursos investidos em saúde. De acordo com o ministério, em 2016, 43% do investimento em saúde foram recursos federais. Por fim, cita a previsão de investimento de R$ 1,96 bilhão em 2017 em vigilância sanitária e a liberação de R$ 15 milhões para obras de adaptação de pontos de atendimento. (do Correio Braziliense)