Reação à vacina mata três pessoas Óbitos foram registrados no estado de São Paulo, onde pelo menos 1,8 milhão de pessoas já receberam imunização contra a febre amarela

Publicação: 21/01/2018 03:00

O número de mortes confirmadas por febre amarela no estado de São Paulo subiu para 36, conforme boletim divulgado na noite desta sexta-feira pela Secretaria Estadual da Saúde. O número é 71% maior do que o registrado no balanço da semana passada, quando a pasta relatou 21 óbitos. Os levantamentos se referem aos registros de janeiro de 2017 até agora. Enquanto isso, outras três pessoas morreram por reação à vacina. Outras seis mortes estão em investigação pelo mesmo motivo, segundo a Secretaria Estadual da Saúde. Dos três casos confirmados, dois ocorreram na capital e um em Matão, na região de São José do Rio Preto, interior paulista.

Embora rara, a reação à vacina da febre amarela pode ocorrer porque o imunizante é feito com o vírus vivo atenuado. Nas reações graves, que tem incidência de 1 caso a cada 500 mil pessoas vacinadas, o paciente pode desenvolver a doença viscerotrópica aguda, quadro similar à febre amarela clássica, que leva a uma disfunção aguda de múltiplos órgãos. Considerando o volume de pessoas vacinadas na capital paulista desde outubro, por exemplo (1,8 milhão), o índice de óbitos por reação vacinal registrado na cidade - 1 para cada 900 mil vacinados - está inferior ao descrito na literatura médica.

Tem maior risco de desenvolver a reação idosos, gestantes e pessoas com o sistema imunológico enfraquecido, como pacientes transplantados ou que passaram por quimioterapia. “Por isso, precisa ter uma entrevista, uma triagem, para não vacinar quem não pode ser vacinado. É uma vacina que tem de ter precauções, não é isenta de riscos. Essa é a única razão pela qual a gente não aplica a vacina no País todo”, destaca Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A reação, no entanto, pode acometer também pessoas de fora desses grupos, caso das três mortes relatadas no estado de São Paulo, nas quais as vítimas eram pessoas com menos de 60 anos, sem registro de doenças prévias, de acordo com a secretaria. “Justamente pelo perfil da vacina, a imunização é indicada apenas para quem precisa, considerando-se o risco de exposição à febre amarela. Portanto, em locais urbanos, onde não há transmissão, não há motivo para expor a população a um risco desnecessário”, destacou o órgão, em nota divulgada na sexta.

O número de casos da doença também aumentou, passando de 40 para 81 entre o boletim da semana passada e o atual. O município de Mairiporã registrou 41 casos. (AE)

Carnaval
Às vésperas do carnaval, a Europa recomenda à sua população que seja vacinada caso queira participar da festa popular no Brasil ou que esteja a caminho de áreas de transmissão da febre amarela no país, inclusive ao estado de São Paulo. Num alerta publicado pela Agência Europeia de Controle de Doenças, o bloco deixou claro que teme que o carnaval, período do ano com forte fluxo de turistas europeus ao Brasil, acabe gerando uma importação de casos. No comunicado, a Europa aponta que o surto no Brasil foi declarado como encerrado em setembro de 2017, mas os números em alta das últimas semanas apontariam para a volta da circulação do vírus.