Pedido de trégua é ignorado Michel Temer pediu que os caminhoneiros suspendessem a paralisação por três dias, mas categoria já tinha decidido manter protestos

Publicação: 24/05/2018 03:00

O presidente Michel Temer pediu “trégua de uns dois ou três dias no máximo” aos caminhoneiros que estão paralisando serviços, entrega de combustível e abastecimento de supermercados em todo o país, por conta de uma greve pela redução dos preços do óleo diesel. Segundo o presidente, ele pediu que o apelo fosse transmitido à categoria, na reunião que foi realizada no Palácio do Planalto para discutir os problemas do setor.

Ao decidir falar, Temer não sabia da resposta já dada pelos representantes do setor que, naquele momento, já haviam rejeitado a suspensão do movimento como pedira o governo e decidido pela continuidade da paralisação. “Desde domingo estamos trabalhando neste tema para dar tranquilidade não só ao brasileiro que não quer ver paralisado o abastecimento, mas também tentando encontrar uma solução que facilite a vida, especialmente dos caminhoneiros”, declarou Temer, ao ser questionado pela imprensa se ia deixar o movimento se estender por mais dias. “Eu até estou solicitando e pedi que nesta reunião se solicitasse uma espécie de trégua para que em dois, três dias no máximo nós possamos encontrar uma solução satisfatória para os caminhoneiros e para o povo brasileiro”, declarou o presidente ao falar do apelo que pediu para ser transmitido à categoria.

Um impasse em relação à paralisação foi criado após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ter cobrado de Temer a assinatura imediata, ainda hoje, de um decreto revogando a Cide para o diesel, quando o acordado com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, foi que, assim que o Congresso votasse a desoneração da folha de pagamentos de empresas, o presidente assinaria o decreto para que um gasto fosse compensado com o outro. Agora, como se estivesse “esticando a corda”, nos dizeres de um assessor presidencial, Maia diz que Temer tem de assinar o decreto zerando a alíquota do diesel, sem que a contrapartida esteja garantida, o que, a princípio, estava sendo considerado impossível.

Um interlocutor direto do presidente disse ao jornal O Estado de S. Paulo que a situação “está se agravando muito rapidamente”, o que acendeu um alerta no Planalto.

Quem paga?
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), indicou ontem à noite que o governo é contra incluir a redução da alíquota do PIS-Cofins sobre o diesel no projeto da reoneração da folha de pagamento. O emedebista disse que é preciso saber de onde sairão os recursos para compensar a diminuição do tributo. Pelos cálculos dele, a medida terá impacto entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões nas contas públicas só neste ano. “Não houve acordo ainda. Não sou contra nada, queremos saber de onde sairá o dinheiro”, afirmou Marun em entrevista à imprensa dentro do plenário. (Agência Estado)
 
Amenizar a relação entre os poderes
Em entrevista no Planalto, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, tentou amenizar a tensão em relação a Rodrigo Maia, que cobrou ontem de Temer a assinatura do decreto zerando a Cide no óleo diesel, antes de o Congresso aprovar a reoneração da folha de pagamento de alguns setores. “Não há, da parte do governo, nenhum constrangimento com Rodrigo Maia”, disse Padilha, acrescentando que quem decide pauta do Congresso “infelizmente não somos nós”. Sobre a tentativa de Rodrigo Maia de votar também redução do PIS/Cofins no diesel, o ministro Padilha diz que para que isso acontecesse seria necessário que o Congresso apresentasse a fonte de compensação para que o governo pudesse abrir mão desta arrecadação, reiterando que esta é imposição da LRF. (AE)