Ruag mais próxima de Pernambuco

Publicação: 21/01/2019 09:00

“As empresas estão em compasso de espera, pois o decreto não fala de importação ou mesmo instalação de fábricas no Brasil”, afirma Maria Vasconcelos, CEO da Ruag do Brasil e protagonista da novela que, no final, autoriza a quebra do monopólio das munições do país. A chancela para que a empresa instalasse uma fábrica no país em Pernambuco veio depois de nove anos. O processo está interrompido desde a autorização, mas a Ruag chegou a anunciar investimentos R$ 75 milhões. A depender da sofisticação, modelos e calibres, a instalação de uma fábrica de armamentos pode quadruplicar esse valor. A questão é avaliar se vale a pena o investimento caso a política para a abertura da importação seja atraente para as estrangeiras, que por ora, como se viu, brigam pelas licitações nas forças públicas de segurança.

A própria Glock, por exemplo, atua no mercado brasileiro por meio de licitação desde 2005, quando vendeu um lote de cinco mil armas para a Polícia Federal por R$ 5,1 milhões na época. Desde então, passou a angariar contratos e quebrar o monopólio da Taurus em negócios com órgãos do setor público. Além da PF e da PRF, vendeu para as PMs do Paraná (R$ 1.3 milhão), do Distrito Federal (R$ 410 mil) e do Rio (R$ 715 mil). A transação mais recente da Glock com o poder público ocorreu em maio do ano passado. Na ocasião, o Senado dispensou licitação para a compra de 100 pistolas calibre .40, modelos G-23 e G-4, para uso pelos policiais legislativos da Secretaria de Polícia do órgão. Apesar do avanço da Glock, ela não tem exclusividade entre as corporações brasileiras. No fim do ano passado, a PM de Goiás fez a aquisição de 2,1 mil pistolas da empresa norte-americana Sig Sauer no valor de R$ 3,4 milhões.

Com Bolsonaro no poder, a expectativa dos “mercadores da morte” é de ganhos com a venda de armas depois de um longo período de seca, quando a Taurus e empresas estrangeiras usaram todos os tipos de estratégias de relações governamentais para conseguir a derrubada do Estatuto do Desarmamento, como financiamento de campanhas até patrocínios de viagens para países estrangeiros. O acesso a partir de agora, esperam, será mais fácil e corrente.