Bolsonaro descarta confinamento Especialistas afirmam que o confinamento nacional, embora "amargo", é necessária pelo momento de crise

Publicação: 08/04/2021 05:55

O presidente Jair Bolsonaro descartou ontemum confinamento nacional exigido por vários especialistas devido aos níveis críticos de infecções e mortes na segunda onda da pandemia no país. A questão voltou com força depois que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) recomendou o “remédio amargo” do confinamento para “evitar mais mortes”. Nesta quarta-feira, o Brasil registrou o segundo maior número de mortes em 24 horas. Foram 3.829, além da ocupação dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) está em níveis crítico em 24 dos 26 estados e o Distrito Federal.

“Não vai ter lockdown nacional” ou “política de fique em casa, feche tudo”, declarou em ato oficial em Chapecó, Santa Catarina, Bolsonaro, que se opõe a medidas de isolamento social, nacional, regional ou local, alegando seu impacto econômico negativo. “Todos nós somos responsáveis pelo que acontece no Brasil. Em qual país do mundo não morre gente? Infelizmente, morre em tudo que é lugar. Queremos é minimizar esse problema”, disse em outra solenidade em Foz do Iguaçu, horas depois.

Em Boletim Extraordinário publicado ontem, a Fiocruz frisou que “as medidas de bloqueio (lockdown) constituem um remédio amargo, mas que são absolutamente necessárias em momentos de crise e colapso do sistema”. A instituição, ligada ao Ministério da Saúde, informou que a ocupação dos leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) se encontra em “níveis críticos” em 24 dos 26 estados e o Distrito Federal. Março foi o mês como maior número de óbitos no país (66.573) e os primeiros sete dias de abril registraram mais de 19 mil.

O pesquisador da Fiocruz Christovam Barcellos argumenta que o Brasil precisa, “ao mesmo tempo em que se implementa essa medida de confinamento (preconizada pelo Boletim), ajudar as pessoas com apoio psicológico, dinheiro, comida” a passar pela “fase muito difícil” que se aproxima. Durante parte de 2020, milhões de brasileiros sobreviveram graças a auxílio emergencial, retomado pelo governo neste mês, embora tenha reduzido seu valor e o número de beneficiários.

Enquanto especialistas insistem na necessidade de acelerar a vacinação, Bolsonaro criticou o “foco excessivo” da imprensa nas vacinas. “Tenho certeza que brevemente será apresentado ao mundo um remédio para cura da Covid. É tanto foco apenas na vacina, de 10 a 20 dólares a unidade. Queremos a vacina? Passando pela Anvisa, sim. Mas também buscar o remédio para cura e não demonizar medicamentos que o médico receite no final da linha”, se defendeu de críticas. (AFP)