Crise climática aumenta casos de dengue no Brasil Estudo da UERJ mostra que as temperaturas mais elevadas podem facilitar o ciclo de desenvolvimento do Aedes aegypti, transmissor das arboviroses

Publicação: 11/03/2024 03:00

Um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) alerta sobre os prováveis impactos das mudanças climáticas nos casos de arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. A análise realizada pelo pesquisador Antonio Carlos da Silva Oscar Júnior, do Instituto de Geografia (Igeog), aponta que o aumento das temperaturas e chuvas cada vez mais intensas podem facilitar a reprodução do mosquito.

“O que observamos é um potencial de expansão territorial da área de atuação do mosquito, em que novas áreas tornam-se endêmicas, o que aumenta a quantidade de pessoas expostas a contrair dengue, população essa que antes não tinha contato com o vírus e que, portanto, não tem anticorpos necessários para enfrentamento da doença”, destaca Antonio Carlos.

De acordo com o pesquisador da UERJ, as temperaturas mais elevadas podem facilitar o ciclo de desenvolvimento do mosquito, em diferentes regiões do Rio de Janeiro, do Brasil e do Mundo. Ele cita, por exemplo, o sul do país, como os estados do Rio Grande do Sul e Paraná, além da Califórnia, nos Estados Unidos, onde já foi comprovada a transmissão local do vírus da dengue.

De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil registrou, até a última sexta-feira (8/3), 1.342.086 casos prováveis e 363 mortes pela doença. O Distrito Federal é a unidade da federação com a maior incidência da doença, com 4.343,1 por 100 mil habitantes. Logo depois aparecem Minas Gerais (2.260,2), Espírito Santo (1.270,5) e Paraná (1.120,7).

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou, no fim de fevereiro, que as mudanças climáticas influenciam o aumento de casos de dengue no país. “A questão da mudança climática é um fator importantíssimo na proliferação do Aedes aegypti como vetor na transmissão da doença.” Especialistas e o Ministério da Saúde enfatizam que os focos de dengue estão, em sua maioria, nas residências em águas paradas acumuladas em garrafas, sacos de lixo e vasos de plantas.

“75% dos focos de mosquito estão nas residências. Então é necessário uma ampla conscientização da população”, explica Antonio Carlos. (Metrópoles)