PE teve 13 mil afastamentos por transtornos Questões mentais e comportamentais estão tirando profissionais de suas atividades; no Recife, CAPS registrou alta de sintomas vinculados ao trabalho

Larissa Aguiar

Publicação: 01/05/2025 03:00

Neste Dia do Trabalhador, os números de adoecimentos decorrentes atividades laborais reforça a epidemia silenciosa sobre a qual especialistas chamam atenção. Segundo o Ministério da Previdência Social, mais de 13 mil afastamentos por transtornos mentais e comportamentais foram registrados em Pernambuco apenas nos três primeiros meses de 2024, o maior número da série histórica. Entre os diagnósticos mais recorrentes está a Síndrome de Burnout, o esgotamento profissional reconhecido desde 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno ocupacional.

A situação escala e esconde rostos e histórias por trás dos números. No Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Casa Forte, no Recife, o número de trabalhadores com sintomas de esgotamento profissional cresceu 35% entre 2022 e 2024. Embora o CAPS não faça atendimento exclusivo para transtornos ocupacionais, a equipe relata aumento expressivo de casos com vínculo direto ao ambiente laboral.

Os dados reforçam a urgência. Entre 2022 e 2024, os benefícios concedidos por adoecimento mental cresceram 134% no Brasil. Em Pernambuco, setores como educação, saúde, comércio e instituições bancárias se destacam. Neste último, por exemplo, a participação nos afastamentos acidentários passou de 9,3% em 2012 para 20% em 2024.

Uma pesquisa interna da Secretaria Estadual de Educação revelou que 62% dos professores da rede relataram sintomas compatíveis com Burnout, como insônia, irritabilidade, fadiga constante e perda de motivação. A sobrecarga de tarefas, a violência escolar e a escassez de recursos materiais agravam a situação.

REAÇÕES
Para a procuradora do Ministério Público do Trabalho em Pernambuco (MPT-PE), Adriana Gondim, apesar dos canais de denúncia, “é comum o trabalhador se sentir culpado por adoecer, como se fosse uma falha individual”. A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), prevista para entrar em vigor em 26 de maio, exigirá das empresas o mapeamento e gerenciamento de riscos psicossociais como estresse, sobrecarga e assédio moral.