Brasil aciona OMC e tem apoio de 40 países Embaixador brasileiro disse em discurso que tratar negociações como "jogos de poder" representa um atalho perigoso "para a instabilidade e a guerra"

Publicação: 24/07/2025 03:00

Gough ainda alertou sobre uso político do tarifaço (DIVULGAÇÃO/GOV)
Gough ainda alertou sobre uso político do tarifaço
Em reunião na Organização Mundial do Comércio (OMC), ontem, o Brasil condenou o uso de tarifas como instrumento de coerção e ameaça, e alertou para os riscos à estabilidade econômica global. Sem citar diretamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, as declarações do secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Philip Gough, receberam o apoio de cerca de 40 países, incluindo membros do Brics, União Europeia e Canadá. 

Em discurso, o embaixador alertou que tratar negociações como “jogos de poder” representa um atalho perigoso “para a instabilidade e a guerra”. “Tarifas arbitrárias, anunciadas e implementadas de forma caótica, estão desestruturando as cadeias globais de valor e correm o risco de lançar a economia mundial em uma espiral de preços altos e estagnação”, disse. Gough ainda fez um alerta sobre o uso de medidas comerciais como instrumento de pressão política. 

Embora não tenha sido mencionada diretamente pelo Brasil, a delegação dos EUA respondeu às críticas. Os representantes afirmaram estar preocupados com o fato de “trabalhadores e empresas norte-americanas serem forçados a competir em condições desiguais com países que não seguem as regras e compromissos assumidos ao ingressarem nesta instituição”.

ACORDOS

Diversos outros países já firmaram acordos com os EUA. Trump anunciou na última terça um acordo comercial com o Japão, que prevê investimentos de US$ 550 bilhões nos EUA e estabelece “tarifas recíprocas” de 15%.

A Casa Branca informou ainda que já firmou acordos comerciais com o Reino Unido (10%), o Vietnã (20%), a Indonésia (19%), a China (30%) e as Filipinas (19%). (Correio Braziliense)