Com data para fechar as portas SMS, maior locadora no Recife, encerra as atividades em fevereiro de 2015, fechando o ciclo de entretenimento de locação de filmes

THATIANA PIMENTEL
thatianapimentel.pe@dabr.com.br

Publicação: 16/12/2014 03:00

No auge, a SMS chegou a ter um acervo com 25 mil títulos, sendo o maior do Nordeste (NANDO CHIAPPETTA/DP/D. A PRESS)
No auge, a SMS chegou a ter um acervo com 25 mil títulos, sendo o maior do Nordeste

Pirataria, expansão da internet banda larga, serviços de TV online, falta de mobilidade, insegurança nas ruas. Os fatores são inúmeros, a realidade é só uma. A era das videolocadoras chegou ao fim no Recife com a queda da última grande resistente. A SMS, locadora nascida em 1987 e com o maior acervo atual do Nordeste, totalizando 25 mil títulos, fechará suas portas definitivamente em fevereiro de 2015. O anúncio foi feito um mês após a falência da Game Vídeo de Boa Viagem, unidade que ficava na Domingos Ferreira e também era um nome tradicional para os cinéfilos da capital pernambucana. Na Lagoa do Araça, mais uma das últimas resistentes entrega os pontos. A locadora Tela Quente, criada em 2004, também avisa que deverá permanecer aberta apenas por mais dois meses. A derrocada do setor era anunciada, mas será que esse modelo de negócio tem alguma esperança?

Para Sérgio Siqueira, dono da SMS, a resposta é não. Representando uma das maiores marcas do Brasil, Sérgio superou diversos ciclos de declínio e ascensão dos aluguéis de VHS, DVD e Blue-Ray e afirma que esse tipo de empreendimento se esgotou. “Não dá para competir nem com os cinemas que estão cheios de promoção, quanto mais com a Netflix, que custa R$ 19. A gente tem que pagar aluguel, luz, água, telefone, folha de funcionários e diversos impostos que só aumentam enquanto os clientes diminuem”, afirma. Em seu auge, Sérgio lembra que a SMS chegou a ter 25 funcionários, seis só no turno da madrugada. “Fomos a primeira do Brasil a usar as capas de filmes nas prateleiras, a primeira a funcionar 24 horas e agora somos uma das últimas entre as 450 locadoras que já existiram na cidade a fechar as portas. Não temos opção. Iremos vender tudo até fevereiro e depois disso vou me aposentar.”


Lamento
Eduardo Lopes, dono da Game Video, que já teve oito unidades e quase 50 mil títulos, no auge dos DVDs, concorda com Sérgio Siqueira. Para ele, que hoje ainda mantém as lojas de Casa Forte, Candeias e Piedade abertas, o aluguel de vídeos é um modelo esgotado. Tanto, que o empresário já está migrando para o negócio de vendas de bicicletas e peças exclusivas. “Nós fizemos o possível, modernizamos, colocamos um site atualizado, serviço de busca e entrega em domicílio, investimos nas redes sociais, mas ainda não temos mais perspectivas de crescimento”, relata. A mesma opinião é compartilhada por Rafael Almeida, proprietário da locadora Tela Quente, na Lagoa do Araçá. “Estou estudando outros empreendimentos para investir. Não temos como competir com a internet. Tentamos, mas a vitória foi da rede”, completa.