Entre os setores, o principal impacto negativo foi no de veículos automotores, reboques e carrocerias

Embora esteja em retração desde 2011, a indústria brasileira teve seu pior ano em 2015. A produção industrial caiu 8,3% no acumulado de janeiro a dezembro do ano passado na comparação com igual período de 2014, a maior queda da série histórica, iniciada em 2003. O destaque ficou por conta da disseminação das taxas negativas. As quatro grandes categorias econômicas, 25 dos 26 ramos, 71 dos 79 grupos e 78,3% dos 805 produtos pesquisados apontaram recuo na produção. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O comportamento dos bens de capital, com recuo de 25,5% em 2015 ante 2014, define o encolhimento do setor. “Além da queda ter sido a maior da história, um agravante é o tamanho da contração de bens de capital. Isso é preocupante para o futuro, pois mostra a redução de investimentos, que poderiam constituir maior capacidade produtiva e, em queda, indicam exatamente o contrário”, explicou economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria, Rafael Cagnin.

Para Marcos Melo, professor do Ibmec, o tombo dos bens de capital vai impactar na produtividade da indústria. “É um setor que geraria novos bens lá na frente.”
A queda de bens de consumo duráveis também foi grande no acumulado em 2015, de 18,7%, puxada, sobretudo, pela retração na fabricação de automóveis, de 19,4%, e de eletrodomésticos, de 22,1%. Os segmentos de bens de não-duráveis (-6,7%) e de bens intermediários (-5,2%) também acumularam taxas negativas no ano.

Entre os setores, o principal impacto negativo foi em veículos automotores, reboques e carrocerias (-25,9%): 97% dos produtos desse setor pesquisados pelo IBGE tiveram queda na produção. Outros recuos significativos foram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-30%) e máquinas e equipamentos (-14,6%).

Na avaliação de Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, os dados apontam a piora da produção industrial. “A demanda doméstica está cada vez mais fraca, o que mostra muita desconfiança. Nada mudou. Para 2016, algum alento pode ser o ganho de competitividade das exportações, em função do câmbio”, disse.

Os dados de dezembro de 2015 na comparação com dezembro de 2014 reforçam a perda de dinamismo produtivo, com queda de 11,9%. No período, o setor teve resultados negativos nas quatro grandes categorias econômicas, em 24 dos 26 ramos, em 68 dos 79 grupos e 76% dos 805 produtos pesquisados. A atividade de veículos automotores, reboques e carrocerias (-30,9%) exerceu a maior influência negativa sobre a indústria nessa comparação.