Brasileiros mergulham no empreendedorismo
Crise, desemprego e vontade de mudar fazem cada vez mais gente abrir negócios país afora
GABRIELA ARAÚJO
especial para o Diario
gabriela.araujo@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 31/07/2016 03:00
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Há seis meses, Tatiana Passos e Marcelo Reis inauguraram o Empório Baiano |
O dado pode ser interpretado de forma positiva ou negativa. Depende da motivação e precaução tomadas antes da abertura do negócio. O analista de orientação empresarial do Sebrae-PE Vitor Abreu diz que a perda do emprego assalariado leva muitos brasileiros a montar uma empresa com o objetivo de manter uma renda. “É esperado que isso ocorra nesse período de crise, mas as pessoas precisam ter cuidado.” Se o investimento não der certo, além do impacto financeiro, o novo empresário pode sofrer também um impacto psicológico.
Para Abreu, empreender não deve ser visto como a única saída no caso de desemprego. Há outras possibilidades. Antes de decidir montar uma empresa, o primeiro passo é a reflexão. Se a pessoa cresce tendo o sonho de montar um negócio e enxerga uma oportunidade, é mais provável que dê certo. Mas quando há dúvidas sobre o investimento, na maioria dos casos, o melhor a fazer é esperar, qualificar-se e aguardar o mercado de trabalho se estabilizar.
Segundo a Serasa Experian, o setor de serviços seguiu como o mais procurado pelos empresários nos primeiros quatro meses do ano. Vitor Abreu diz que isso ocorre por dois motivos. Primeiro, há uma mudança estrutural em nossa sociedade, que passa a demandar cada vez mais serviços, seja de bem-estar, alimentação, saúde ou estética. A outra influência é que, em alguns casos, a implementação de negócios desse ramo tende a ser mais fácil. “Em boa parte dos serviços, o dono da empresa é o próprio prestador do serviço.”
Tempero baiano
Quem resolveu se arriscar no trabalho autônomo foi o casal Tatiana Passos e Marcelo Reis. Os dois são publicitários de formação. Ela é baiana. Ele, carioca de nascimento e pernambucano de coração. Moravam em Brasília. Até que chegou o movimento em que perceberam que não conseguiam mais se adaptar à vida na capital do país. Resolveram voltar para o Recife e tiveram a ideia de criar um “point” de acarajé, ao perceberem que a comida baiana ainda é pouco explorada na capital pernambucana.
Após uma pesquisa do local em que o negócio seria instalado, a ideia mudou um pouco. Reis encontrou um lugar com bom custo-benefício e eles resolveram inaugurar um restaurante, o Empório Baiano. O empreendimento funciona há seis meses no bairro dos Aflitos. “Está dando certo. Há uma frequência muito boa de vizinhos da região”, diz Tatiana. Ela acha que isso ocorre pelo fato de o Empório Baiano mesclar a cultura baiana com a nordestina em geral. Assim, oferece temperos menos fortes que o baiano, adaptado ao gosto dos pernambucanos.
Para que o negócio dê certo como o do casal de publicitários, Vitor Abreu aconselha que o empreendedor sempre busque apoio. Se após a reflexão a pessoa concluir que investir em um negócio é mesmo a melhor saída, ela precisa buscar ajuda de quem já está no ramo, conhecendo o dia a dia de um negócio, além de receber orientação de quem tem noção de planejamento. Tudo isso para que a expectativa de lucro não se transforme em prejuízo.