Casas Bahia e Ponto Frio serão vendidas até abril
Pertencentes à empresa Via Varejo, do Grupo Pão de Açúcar, as duas redes têm acumulado perdas
Publicação: 02/03/2017 03:00
A Via Varejo, empresa do Grupo Pão de Açúcar e dona de marcas como Ponto Frio, Casas Bahia e Extra.com, está à venda desde novembro de 2016, quando os controladores enviaram um fato relevante ao mercado. Tudo indica que o negócio está próximo de ser fechado. Nos últimos dias, houve um movimento atípico na Bolsa de Valores de São Paulo. Apenas em fevereiro, as ações ordinárias (com direito a voto) acumularam alta de 24,31%, após queda de 13,4% em janeiro. O papel da Via encerrou a sexta-feira a R$ 4,04, com alta de 2,02% sobre véspera, na contramão da Bovespa, que caiu 1,18%.
“É preciso filtrar os boatos para saber por que as ações subiram tanto em tão pouco tempo. Há rumores sobre a proximidade de fechamento do negócio. Se essa operação acontece, dado o tamanho estratégico, a empresa precisa comunicar primeiro à CVM (Comissão de Valores Mobiliários)”, explicou o gestor de fundos de ações da Daycoval Investimentos, Juan Morales. Procurados, a Via Varejo e o Grupo Pão de Açúcar se negaram a falar.
A expectativa é de que a venda ocorra até abril. Fontes do mercado citam a rede varejista brasileira Lojas Americanas e os fundos de investimento norte-americanos Advent e Carlyle como interessados. A Lojas Americanas não comentou o assunto. O sócio da área de fusões e aquisições da PricewaterhouseCoopers (PwC), Marcio Vieira, aposta que os fundos de private equity são os candidatos mais fortes para o negócio, pois possuem grande volume de capital para investir no país. “Os ativos brasileiros ainda estão muito baratos, mesmo após as altas da BM&FBovespa desde o ano passado. O momento é bom para esse tipo de investidor porque ele consegue aguardar a recuperação da economia, que ainda será lenta”, disse.
O mercado no qual a Via Varejo está inserida não iniciou uma retomada, de acordo com o superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Aloisio Campelo. O consumo das famílias tem um peso forte na atividade econômica e não vai conseguir puxar o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, segundo ele, pois o desemprego ainda é elevado e os brasileiros estão muito endividados. “Estamos saindo de uma onda de artificialismo na compra de bens não essenciais”, afirmou.
O estímulo do governo fez com que houvesse uma expansão no crédito não observada antes. “Muita gente que estava fora desse mercado acabou entrando e consumiu mais do que precisava. As famílias estão num processo grande de desalavancagem, e não estão conseguindo comprar nem mesmo vestuário. As coisas já adquiridas estão sendo gastas. E, como a massa salarial ainda está em queda, o ajuste no mercado ainda será lento”, alertou Campelo.
Na avaliação de Vieira, diante desse cenário ruim, empresas como a Via Varejo, que atuam no segmento de consumo duráveis — eletrodomésticos, linha branca e móveis — devem sentir o impacto da recessão mais fortemente e por mais tempo. “O mercado de consumo ainda tem problemas e deve demorar a se recuperar. Mas a perspectiva a médio prazo é boa para quem estiver analisando aquisições no setor e tiver capacidade financeira para aguardar essa retomada gradual.” Para ele, a decisão de venda da Via Varejo pelo Grupo Pão de Açúcar, controlado pela francesa Casino, é estratégica. “Casino tem DNA de varejo em produtos alimentícios”, disse.
Na semana passada, ao apresentar os números do balanço financeiro de 2016 para representantes de investidores, o presidente da Via Varejo, Peter Estermann, minimizou o resultado ruim. Destacando o processo de consolidação das operações online e de lojas físicas, ele prevê um crescimento de dois dígitos nas operações neste ano, “acima da média de mercado”. No ano passado, a receita operacional encolheu 8,1% em relação a 2015, totalizando R$ 26,6 bilhões. Já o prejuízo cresceu 95,2%, para R$ 750 milhões. Em dezembro, a empresa iniciou uma investigação na coligada Cnova Brasil sobre desvios cometidos por empregados. Em janeiro, a empresa informou que reduziu em R$ 110 milhões as vendas líquidas no país de outubro a dezembro.
Especialistas lembram que as marcas sob o chapéu da Via são fortes. Ambas foram fundadas por imigrantes europeus. Ponto Frio, em 1946, pelo romeno Alfredo João Monteverde, no Rio. Casas Bahia, pelo polonês Samuel Klein, em 1948, em São Caetano do Sul (SP). A marca paulista foi avaliada em R$ 800 milhões e é uma das mais valiosas do país. (Do Correio Braziliense)
“É preciso filtrar os boatos para saber por que as ações subiram tanto em tão pouco tempo. Há rumores sobre a proximidade de fechamento do negócio. Se essa operação acontece, dado o tamanho estratégico, a empresa precisa comunicar primeiro à CVM (Comissão de Valores Mobiliários)”, explicou o gestor de fundos de ações da Daycoval Investimentos, Juan Morales. Procurados, a Via Varejo e o Grupo Pão de Açúcar se negaram a falar.
A expectativa é de que a venda ocorra até abril. Fontes do mercado citam a rede varejista brasileira Lojas Americanas e os fundos de investimento norte-americanos Advent e Carlyle como interessados. A Lojas Americanas não comentou o assunto. O sócio da área de fusões e aquisições da PricewaterhouseCoopers (PwC), Marcio Vieira, aposta que os fundos de private equity são os candidatos mais fortes para o negócio, pois possuem grande volume de capital para investir no país. “Os ativos brasileiros ainda estão muito baratos, mesmo após as altas da BM&FBovespa desde o ano passado. O momento é bom para esse tipo de investidor porque ele consegue aguardar a recuperação da economia, que ainda será lenta”, disse.
O mercado no qual a Via Varejo está inserida não iniciou uma retomada, de acordo com o superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Aloisio Campelo. O consumo das famílias tem um peso forte na atividade econômica e não vai conseguir puxar o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, segundo ele, pois o desemprego ainda é elevado e os brasileiros estão muito endividados. “Estamos saindo de uma onda de artificialismo na compra de bens não essenciais”, afirmou.
O estímulo do governo fez com que houvesse uma expansão no crédito não observada antes. “Muita gente que estava fora desse mercado acabou entrando e consumiu mais do que precisava. As famílias estão num processo grande de desalavancagem, e não estão conseguindo comprar nem mesmo vestuário. As coisas já adquiridas estão sendo gastas. E, como a massa salarial ainda está em queda, o ajuste no mercado ainda será lento”, alertou Campelo.
Na avaliação de Vieira, diante desse cenário ruim, empresas como a Via Varejo, que atuam no segmento de consumo duráveis — eletrodomésticos, linha branca e móveis — devem sentir o impacto da recessão mais fortemente e por mais tempo. “O mercado de consumo ainda tem problemas e deve demorar a se recuperar. Mas a perspectiva a médio prazo é boa para quem estiver analisando aquisições no setor e tiver capacidade financeira para aguardar essa retomada gradual.” Para ele, a decisão de venda da Via Varejo pelo Grupo Pão de Açúcar, controlado pela francesa Casino, é estratégica. “Casino tem DNA de varejo em produtos alimentícios”, disse.
Na semana passada, ao apresentar os números do balanço financeiro de 2016 para representantes de investidores, o presidente da Via Varejo, Peter Estermann, minimizou o resultado ruim. Destacando o processo de consolidação das operações online e de lojas físicas, ele prevê um crescimento de dois dígitos nas operações neste ano, “acima da média de mercado”. No ano passado, a receita operacional encolheu 8,1% em relação a 2015, totalizando R$ 26,6 bilhões. Já o prejuízo cresceu 95,2%, para R$ 750 milhões. Em dezembro, a empresa iniciou uma investigação na coligada Cnova Brasil sobre desvios cometidos por empregados. Em janeiro, a empresa informou que reduziu em R$ 110 milhões as vendas líquidas no país de outubro a dezembro.
Especialistas lembram que as marcas sob o chapéu da Via são fortes. Ambas foram fundadas por imigrantes europeus. Ponto Frio, em 1946, pelo romeno Alfredo João Monteverde, no Rio. Casas Bahia, pelo polonês Samuel Klein, em 1948, em São Caetano do Sul (SP). A marca paulista foi avaliada em R$ 800 milhões e é uma das mais valiosas do país. (Do Correio Braziliense)