Exportações de carne no Brasil despencam Valor exportado na última terça-feira corresponde a quase zero perto do movimento de vendas habitual

Publicação: 23/03/2017 03:00

Maggi resolveu acompanhar, ontem, operação de fiscalização em Brasília (JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL)
Maggi resolveu acompanhar, ontem, operação de fiscalização em Brasília
De US$ 63 milhões por dia a US$ 74 mil. Essa foi a queda das exportações brasileiras de carne registradas pelo Ministério do Desenvolvimento. Os números foram apresentados ao Palácio do Planalto ontem. O valor de US$ 74 mil representa, segundo o ministério, toda a venda de carnes ao exterior na última terça-feira. Um valor que corresponde a quase zero perto do movimento habitual do setor.

O dado foi interpretado como um sinal evidente da cautela dos importadores estrangeiros diante da crise no setor. Há a avaliação de que os compradores aguardam um desfecho para o caso, com medo de comprarem carnes do Brasil e serem obrigados a manter os produtos estocados nos portos de destino, o que implicaria em altos custos de armazenamento. Segundo o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, apenas China e Hong Kong ainda não aceitaram as explicações do Brasil sobre os problemas apontados pela Carne Fraca.

As demissões no setor começaram. Os frigoríficos Master Carne e Souza Ramos, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba (RMC), fecharam as portas e demitiram 280 funcionários - 150 e 130 respectivamente. Eles alegam que as vendas despencaram e centenas de pedidos foram adiados.

Legisladores nos Estados Unidos estão pressionando o Departamento de Agricultura do país (USDA) para saber se a carne brasileira oferece risco para consumidores norte-americanos. A senadora democrata Debbie Stabenow, de Michigan, pediu que o serviço de segurança alimentar do USDA revele se já identificou carne brasileira adulterada.

Durante uma reunião na Organização Mundial do Comércio (OMC), o governo brasileiro fez, ontem, um apelo para que os países não adotem “restrições arbitrárias” à importação de carne brasileira. Um dos problemas no país, entretanto, é o déficit de fiscais agropecuários para fiscalizar as carnes. Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, Maurício Porto, esse déficit é da ordem de 850 funcionários.

Na terça-feira, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) divulgou nota afirmando que as conclusões da operação da PF referentes a danos à saúde pública não têm embasamento científico. Mas ontem, o fiscal agropecuário federal Daniel Gouveia Teixeira, responsável por denúncias que levaram à deflagração da Carne Fraca, afirmou que “não foi mostrado nem 1% do que foi descoberto” pela PF.” (Da redação com agências)