Parceria do Reino Unido com empresas locais Interesse no intercâmbio foi revelado por ministro britânico

Publicação: 19/08/2017 03:00

O Reino Unido quer firmar parcerias nas áreas de tecnologia, engenharia e finanças com empresas pernambucanas. O interesse em investir em empreendimentos do estado ou em levar empresários locais para a Inglaterra foi revelado pelo ministro britânico e trade envoy to Brazil Mark Prisk, que participou na última quinta-feira da segunda edição do UK Alumni. O evento é realizado pelo consulado britânico no Recife para preparar estudantes locais aprovados no programa de intercâmbios britânico Chevening. Durante o encontro, o ministro também discutiu as semelhanças e diferenças entre a democracia brasileira e a britânica. O  debate contou com palestras do vice-presidente do Diario de Pernambuco, Maurício Rands, do presidente da Sociedade Consular de Pernambuco, Thales Castro, e mediação do cônsul britânico, Graham Tidey.

“Acredito que os segmentos de tecnologia, economia criativa, engenharia, principalmente as naval, aeroespacial e portuária, além de finanças, são espaços que permitem um intercâmbio de conhecimento e de negócios entre Pernambuco e a Inglaterra”, afirma Prisk. Segundo ele, o Brasil e o Reino Unido têm semelhantes que aproximam os dois país, como o poder legislativo com Câmara e Senado, tendência de descentralização do poder por federações ou regiões e prefeituras fortes, que conseguem atrair investimentos sem dependência do poder federal, como Manchester, Bristol e a própria Londres como os exemplos britânicos e São Paulo, Rio de Janeiro e Recife como cases locais. Ele também não descarta a possibilidade de a capital de Pernambuco ter um voo direto para o Reino Unido. “Ainda não temos nenhum projeto para isso, mas acredito que está chegando o momento de traçarmos essa rota”, complementa.

Intercâmbio
O UK Alumni também marca o  início do período em que o programa de intercâmbio Chevening está aberto. Este ano, o processo de inscrições foi iniciado este mês e seguirá até o dia 7 de novembro. As bolsas de estudo são concedidas desde 1983 pelo governo britânico para alunos de mais de 160 países, incluindo o Brasil, desde que eles tenham sido aprovados em universidades do Reino Unido. Em 2014, o número de bolsas para o país era inferior a 30. Este ano, a ideia dos consulados é levar 65 estudantes brasileiros para a Inglaterra. Nos 34 anos do projeto no Brasil, cerca de 80 pernambucanos foram beneficiados com as bolsas. Inclusive Maurício Rands, um dos palestrantes do evento.

Carlos Eduardo Mesquita, representante do Chevening no Brasil, explica que a ideia é conceder bolsas de mestrado para profissionais que tenham o perfil de líder. “Buscamos jovens com potencial para terem destaque no seu meio e que desejam utilizar os conhecimentos adquiridos para contribuir com o desenvolvimento do Brasil. A gente forma lá, mas eles devem aplicar o conhecimento aqui”, reforça. A bolsa concedida cobre as passagens de ida e volta para o Reino Unido, anuidade de até 15 mil libras e gastos com despesas pessoais. Candidatos de todas as áreas podem concorrer, tendo acima de 18 anos, dois anos de experiência profissional (pode ser estágio ou trabalho voluntário) e inglês avançado. Para os interessados, o site é http://www.chevening.org/brazil.

Opinião de Prisk

Na tarde dessa sexta-feira, o ministro britânico e trade envoy to Brazil (enviado de negócios ao Brasil), Mark Prisk, e o cônsul britânico Graham Tidey voltaram a discutir temas econômicos, políticos e de interersse comum entre Brasil e Inglaterra em visita à sede do Diario de Pernambuco, no Bairro do Recife. Recebidos pelo vice-presidente do jornal,  Maurício Rands, eles comentaram sobre o papel do Brasil na crise da Venezuela, as relações com o Reino Unido pós-Brexit e parcerias firmadas entre os países para o combate do zika vírus. Confira alguns tópicos discutidos e as opiniões de Mark Prisk sobre os temas:

Zika vírus
"A parceria entre a Universidade de Glasgow, da Escócia, e a Fiocruz, aqui, é muito importante e é um exemplo de dois institutos de pesquisa líderes trabalhando em um tema que o Brasil trouxe à tona, mas que é relevante para o mundo."

Brasil e Venezuela
"Todos estão preocupados quanto ao que está acontecendo na Venezuela, mas pela posição que ocupo não posso entrar em detalhes quanto a isso. O que posso dizer, no entanto, é que há um conhecimento e respeito enorme pela posição tomada pelo Brasil, Argentina e outros países em relação a essa questão. O Brasil tem desempenhado um papel de liderença importante na América do Sul."

Eleições 2018
"Que a escolha dos brasileiros no próximo ano seja baseada na confiança em relação ao novo representante, quanto a quem vão colocar lá. Acredito que com menos populismo e mais moderação o país alcançe estabilidade com uma mudança gradual.”

Brexit
"Primeiro de  tudo, o Brexit significa que nós, do Reino Unido, estamos olhando para além das fronteiras europeias mais do que fizemos nos últimos 30, 40 anos. Desejamos investir também em relações com outros países como o Brasil e a China, por exemplo. Atualmente, estamos olhando mais para o comércio global do que apenas para os nossos vizinhos mais próximos."