O legado de um audacioso nos negócios Família comemora o centenário de nascimento de Paulo Petribu, que transformou usina em uma potência no setor sucroalcooleiro em Pernambuco

Publicação: 21/10/2017 03:00

A história da economia pernambucana se confunde com as fases do cultivo da cana de açúcar, carro-chefe durante séculos do desenvolvimento do estado - Pernambuco chegou a ter mais de cem usinas. Uma das pessoas que contribuiu para escrever esse enredo completaria 100 anos na sexta-feira, caso estivesse vivo. Falecido em 2007, Paulo Pessoa Cavalcanti de Petribu herdou do pai (João Cavalcanti de Albuquerque) o gosto pela terra e deu prosseguimento à tradição da família, que desde o período do Brasil Colônia, poucas décadas após o descobrimento do país, deu os primeiros passos para o que hoje se vê da indústria sucroalcooleira.

Paulo Petribu ajudou a consolidar, no século passado, a transição feita pelo pai em Pernambuco dos antigos engenhos de cana de açúcar para as usinas mais modernas. A audácia à frente dos negócios sempre esteve presente. Em 1953, por exemplo, comprou a parte dos irmãos e começou a tocar sozinho a Usina Petribu, a mais antiga em funcionamento no país atualmente e a décima empresa de maior longevidade no Brasil.

“A usina estava em uma situação difícil e os irmãos resolveram vender. Papai vendeu todo o patrimônio pessoal e deu como pagamento aos irmãos. Ficou com uma usina muito pequena, com menos de dois mil hectares de terra. Hoje ela conta com mais de 22 mil. Então, ele vendeu, inclusive, as terras aos irmãos e depois as comprou de volta”, conta o filho caçula, Jorge Petribu.

“Foi uma aposta que deu certo. Ele trabalhou muito. Fez todo um esforço, porque a situação foi muito precária. Quando meu pai pegou a usina, ela era a 42ª no estado em termos de produção. Uma das últimas e se tornou uma das primeiras no estado”, acrescenta Jorge.

Em 1995, a Petribu comprou a Usina São José do Grupo Votorantim e passou a ter a maior produção de Pernambuco e se tornou o principal empregador da Zona da Mata - na época, com quase 10 mil funcionários.

FAMÍLIA
O legado continua presente. Os oito filhos do empresário se dividiram em dois grupos que ficaram à frente das usinas São José e Petribu. Essa última capitaneada pelo caçula Jorge Petribu, que hoje vem passando o bastão para a sua sobrinha e neta de Paulo, Daniela Petribu Oria, a primeira mulher responsável por uma usina no Nordeste.

Jorge, aliás, não quis deixar a data do centenário do pai passar em branco. Fez um convite para os Petribu - sobrenome incorporado à família a partir da geração do avô João, que o adotou após transformar o engenho em Usina Petribu, nome da localidade onde seus antepassados se instalaram no século 18. Aos poucos, os parentes foram ligando e confirmando presença e, até para a sua surpresa, cerca de 215, vindo de outros estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, estarão presentes ao almoço que será realizado em sua residência, ao lado da Usina Petribu, em Carpina. Antes, na capela do local, onde estão sepultados os restos mortais de Paulo, haverá uma missa que será celebrada pelo padre Sérgio Ramos.

Já na próxima terça-feira, a partir das 18h, ocorrerá, na Assembleia Legislativa de Pernambuco, uma reunião solene em comemoração ao centenário de Paulo Petribu. O autor do requerimento foi o deputado estadual José Humberto Cavalcanti (PTB).

Linha do tempo
  • A história do grupo Petribu começa a partir da família Cavalcanti de Albuquerque, que existe no país desde as primeira décadas do descobrimento do Brasil
  • Os Cavalcanti de Albuquerque já se dedicavam à produção de açúcar, desde o período Colonial, na região de Igarassu
  • Posteriormente, no início no século 18, um dos descendentes, Cristóvão, resolveu “abrir fronteiras” pelo interior do estado, fixando-se às margens do Rio Capibaribe, em uma localidade chamada de Pitribu, na Zona da Mata Norte de Pernambuco
  • Nesse local, implantou o pequeno e rudimentar engenho Petribu
  • Algumas gerações se passaram e, em 1909, o então patriarca da família, João Cavalcanti de Albuquerque, transformou o engenho em uma usina: a Petribu
  • Dois anos depois, João incorporou o Petribu ao seu sobrenome, repassando até a atual geração à frente da Usina Petribu
  • Em 1953, já sob a propriedade dos filhos de João Petribu, um deles, Paulo, comprou a parte dos irmãos e tocou sozinho o empreendimento. A partir daí, comandou a Usina Petribu durante quase cinco décadas
  • Em 2001, já com outras empresas pertencendo ao grupo, os oito filhos de Paulo se dividem em dois blocos para administrar as empresas
  • Helena, Lígia, Marta e Paulo Petribu Filho tornaram-se propretários e assumiram os negócios da Usina São José
  • Jorge Petribu e seus irmãos Teresa, Miguel e Elizabete ficaram à frente da Usina Petribu e da IRCA
  • Posteriormente, Jorge comprou a parte de dois irmãos e permaneceu como sócio majoritário da usina junto com a irmã Teresa
  • Hoje, Daniela Petribu Oria, neta de Paulo Petribu e filha de Teresa, é a diretora-presidente da Petribu. É a oitava geração da família desde a chegada em Carpina, no século 18
  • A Petribu é, atualmente, a usina mais antiga em funcionamento do Brasil e conta com 22 mil hectares