Setor privado é foco do Estaleiro Esperança está na Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), do governo federal, que analisa financiamento

ANDRÉ CLEMENTE
andre.clemente@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 25/09/2018 03:00

O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) vai para mais uma tentativa de manter a operação do equipamento em Suape. Caminhando para entregar as últimas encomendas do setor público, o setor privado virou o principal foco do plano de esticar a vida útil do estaleiro. O EAS firmou com a empresa Aliança, do grupo Maersk, um contrato para construir dois navios transportadores de conteineres. A pendência gira em torno de garantias a serem dadas pelo estaleiro para aprovar um financiamento com o banco Credit Suisse.

A esperança vem do governo federal, por meio da Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), que já analisa a operação. Outra contratação de dois navios de cabotagem está no radar, mas também depende de financiamento, desta vez por parte da contratante. Não foram revelados os valores nas operações.

De acordo com o presidente do EAS, Harro Burmann, a necessidade é de um empréstimo de curto prazo, para viabilizar a construção dos navios. “São navios para transporte de conteineres da Aliança, empresa de grande representação global na movimentação de conteineires. Cada navio terá capacidade de transportar 4,8 mil TEUs (unidade de medida para esse tipo de carga). Para isso, eu tenho que financiar a construção, que seria de 12 meses para cada navio. E isso daria mais dois anos de vida ao estaleiro”, destacou.

O estaleiro tem atualmente a construção de três navios, com previsão de conclusão do último até junho de 2019. Sem novas encomendas, o equipamento ameaça encerrar as atividades.

A ABGF, que aprovaria a garantia, é vinculada ao ministério de planejamento e gestão. Por meio de nota, informou que “o Fundo Garantidor de Infraestrutura (FGIE) desenvolve produtos para oferecer garantias ao setor naval brasileiro e já foi consultada sobre a possibilidade de oferecer garantias a empréstimos a serem obtidos para fabricação de navios por estaleiros brasileiros.

No momento, a ABGF avalia essas operações e, desta forma, por sigilo negocial, não é possível prestar mais informações específicas.”

Entregas
O Estaleiro Atlântico Sul entregou no última dia 12 de setembro o 12º navio petroleiro construído no equipamento. “É o terceiro da série Aframax produzido em Pernambuco, batizado de Carlos Drummond de Andrade. Foi entregue antes do prazo contratual. O nosso calendário prevê a entrega do terceiro Aframax até dezembro, batizado de Olavo Bilac ”, disse o presidente do Estaleiro Harro Burmann.
 
À espera de um financiamento
 
Depois de dois anos “em análise”, o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) ainda espera a aprovação de um financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da ordem de US$ 1 bilhão, destinado à South American Tanker Company (Satco), empresa que tem pré-contratada a encomenda ao EAS de cinco navios destinados à indústria de petróleo.

“A informação que nós temos é que esse financiamento está próximo de sair. Será a grande notícia para a gente, a encomenda de cinco navios e que nos daria pelo menos mais cinco anos mantendo empregos locais na operação”, ressaltou o presidente do EAS, Harro Burmann.

Por ser constituída como Empresa Brasileira de Navegação (EBN), a Satco tem prioridade no acesso ao Fundo da Marinha Mercante (FMM), fonte de financiamento de longo prazo para o setor gerida pelo BNDES. O banco firmou que as garantias não cobrem os riscos.

O Estaleiro Atlântico Sul foi inaugurado em 2008 em momento emblemático da retomada da indústria naval no Brasil, mas se limita a encomendas exclusivas da Transpetro, subsidiária da Petrobras que, desde a operação Lava-Jato, vem amargando um plano de desinvestimentos que seguram novas encomendas.