O Vale do São Francisco passa a contar com mais uma variedade de uva de mesa sem sementes. Inicialmente desenvolvida para regiões de clima temperado e lançada em 2019, ela passou por adaptações e o lançamento das recomendações técnicas da BRS Melodia para o semiárido aconteceu na última semana. Segundo os dois produtores licenciados para comercialização de mudas, a Petromudas e RFK, já foram vendidas 450 mil unidades, que serão plantadas ainda neste segundo semestre. A expectativa é que a BRS Melodia chegue a mais de 600 mil mudas em 2024 e atenda aos mercados nacional e internacional, assim como a BRS Vitória, ícone da produção de uvas do Vale do São Francisco e que partilha o mesmo nicho de mercado da nova variedade.

A validação da BRS Melodia, desenvolvida pelo Programa de Melhoramento Genético do Brasil, coordenado pela Embrapa, começou em 2019, em parceria com 12 produtores do Vale do São Francisco, com a plantação de 50 mudas para fazer os testes. “A ideia é completar as informações para tornar todo suporte necessário para esse cultivar, trazendo maior desenvolvimento, investimentos para a região e possibilitando abrir novos mercados”, disse Maria Auxiliadora Coêlho de Lima, chefe geral da Embrapa Semiárido, durante o lançamento dos protocolos de manejo.

A expectativa é que a BRS Melodia coloque o semiárido, que já é a principal região produtora e exportadora de uvas de mesa do Brasil, em um patamar mais elevado no mercado. As apostas são nas características da nova variedade, com a cor vermelha, a alta produtividade e o sabor de frutas vermelhas. Mas ela também conta com outras vantagens. “A conservação pós-colheita em armazenamento a zero graus celsius com umidade a 90% mantém a uva por mais de 40 dias”, detalhou Patrícia Ritschel, coordenadora de Melhoramento Genético da Embrapa, que explicou ainda que o ciclo é entre 100 e 115 dias no Vale do São Francisco.

A BRS Melodia se junta ao portfólio de uvas sem sementes da Embrapa para o Vale do São Francisco. Além dela, existem a BRS Vitória e a BRS Isis, que é conhecida como Iris no mercado internacional. As três cultivares tem poucas alterações no manejo e podem chegar a 50 toneladas por hectare por ano produzidas.