Hemobrás rumo à produção 100% nacional
Em conversa com o Diario, a diretora-presidente da Hemobrás, Ana Paula Menezes, disse que meta de nacionalização é até o fim de 2025
Thatyani Lucena
Publicação: 16/05/2024 03:00
Após a inauguração da nova Fábrica de Biotecnológicos, no Complexo Fabril de Goiana (PE), no dia 4 de abril, a Hemobrás deu um grande salto para nacionalizar a cadeia de produção do Fator VIII recombinante no Brasil, medicamento utilizado por pacientes com hemofilia tipo A. No Brasil, em torno de 13 mil pessoas vivem com a doença. Além de trazer a economia de R$ 1 bilhão por ano para o país, a nacionalização da produção representa maior possibilidade de tratamento profilático e mais autonomia do país na produção de hemoderivados e medicamentos biotecnológicos em relação ao mercado internacional.
A Hemobrás trabalha ainda para concluir a implantação da fábrica de hemoderivados e iniciar a sua operação até 2026, com previsão para ser nacionalizado até o final deste ano. Também no caso dessa linha produtiva, que tem como base o plasma humano, a economia para o cofre nacional representará R$ 1 bilhão por ano. Os medicamentos produzidos, como a albumina e a imunoglobulina, são usados para tratar diversas doenças como infecções generalizadas, queimaduras graves, imunodeficiência, entre outros.
A nova diretora-presidente da estatal, Ana Paula Menezes, conversou com a reportagem do Diario de Pernambuco sobre as perspectivas futuras da planta, instalada em Goiana, na Zona da Mata Norte. “A gente luta bravamente para nacionalizar toda a cadeia”, disse.
Entrevista - Ana Paula Menezes // diretora-presidente da Hemobrás
Criação da Hemobrás
Quando a gente criou a Hemobrás, em 2004, foi na perspectiva de que a política de sangue é uma questão de soberania nacional, tanto na situação de guerra real como de guerra química. Há várias situações em que a soberania é fundamental. E a política de sangue é uma área, assim como o transplante. Por isso, a importância da gestão e da regulação pública nos temas que envolvem doação de órgãos e também do sangue.
Matéria-prima
O complexo da Hemobrás, localizado na cidade de Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, é composto por dois modelos de negócios: a fábrica de biotecnológicos e a de hemoderivados. A gente tem dois tipos de matéria-prima. O IFA é a matéria-prima da produção de qualquer fármaco. Na biotecnologia, é a partir de uma célula de um hamster que produz esse medicamento, e a gente vai aumentando essa proteína. Esse processo de produção biotecnológico é de primeiro mundo. A Hemobrás é a primeira aqui na América Latina, só existem cinco no mundo que usam essa tecnologia bem moderna. Já a fábrica de hemoderivados é para dar destino ao plasma que é produzido na coleta que se faz hoje de sangue para transfusão. A gente coleta hoje no Brasil algo em torno de 700 mil litros de sangue como um todo. Desses, uma parte vai para o que a gente chama de Hemoterapia, para tratar dentro de hospital, para fazer transfusão para questões específicas. E a gente tem dessa transfusão 600 mil litros de plasma, que se não tiver uma destinação eles vão para o lixo, e é extremamente rico em proteína que pode melhorar a qualidade de vida de pessoas que têm doenças do sangue.
Qualificação do plasma
O plasma do sangue precisa ser qualificado para ter uma qualidade industrial. A Hemobrás conta com uma empresa parceira contratada, a Octapharma, que faz o fracionamento do plasma na Suíça. A gente traz para a Hemobrás, faz triagem, prepara esse plasma, exporta esse plasma para fazer fracionamento fora e ele volta como medicamento. Então é o plasma do brasileiro, da brasileira, usado para tratar doenças do sangue do brasileiro, da brasileira.
Parcerias
A Hemobrás conta com dois parceiros internacionais. A gente tem dois parceiros de incorporação tecnológica, Takeda, (empresa japonesa) para o fator VIII recombinante, e LFB (Laboratório Francês de Fracionamento e Biotecnologia) para Hemoderivados.
SUS
A Hemobrás ainda não realiza o fracionamento do plasma, mas já é autorizada no Brasil a fazer esse processo. Esse medicamento, tanto o recombinante como os hemoderivados, já tem o registro da Hemobrás. Quando ele chega, a gente vende o medicamento para o SUS em cima de um contrato, um cronograma de entrega. Então, a população brasileira hoje já usa nosso medicamento, a gente só não tem ainda a nacionalização da cadeia toda de produção.
Nacionalização
A gente luta bravamente para nacionalizar a cadeia toda, porque se a gente não tiver a garantia do IFA, da matéria-prima, a gente vai continuar dependente. A ideia é se tornar independente e atender 100% da necessidade da população. Em relação ao fator VIII recombinante, o nosso cronograma é de que ao final de 2025 toda a cadeia de produção da Hemobrás já esteja nacionalizada, até a produção da matéria-prima.
Economia para o Brasil
Quando a produção for totalmente nacional, cada fábrica da Hemobrás vai representar uma economia de R$ 1 bilhão por ano para o Brasil. Ainda importamos insumos para a produção, mas quando a produção for totalmente nossa, a gente vai criar e estimular uma cadeia de produção nacional, porque essa é a lógica do complexo da economia da saúde que a Hemobrás faz parte.
A Hemobrás trabalha ainda para concluir a implantação da fábrica de hemoderivados e iniciar a sua operação até 2026, com previsão para ser nacionalizado até o final deste ano. Também no caso dessa linha produtiva, que tem como base o plasma humano, a economia para o cofre nacional representará R$ 1 bilhão por ano. Os medicamentos produzidos, como a albumina e a imunoglobulina, são usados para tratar diversas doenças como infecções generalizadas, queimaduras graves, imunodeficiência, entre outros.
A nova diretora-presidente da estatal, Ana Paula Menezes, conversou com a reportagem do Diario de Pernambuco sobre as perspectivas futuras da planta, instalada em Goiana, na Zona da Mata Norte. “A gente luta bravamente para nacionalizar toda a cadeia”, disse.
Entrevista - Ana Paula Menezes // diretora-presidente da Hemobrás
Criação da Hemobrás
Quando a gente criou a Hemobrás, em 2004, foi na perspectiva de que a política de sangue é uma questão de soberania nacional, tanto na situação de guerra real como de guerra química. Há várias situações em que a soberania é fundamental. E a política de sangue é uma área, assim como o transplante. Por isso, a importância da gestão e da regulação pública nos temas que envolvem doação de órgãos e também do sangue.
Matéria-prima
O complexo da Hemobrás, localizado na cidade de Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, é composto por dois modelos de negócios: a fábrica de biotecnológicos e a de hemoderivados. A gente tem dois tipos de matéria-prima. O IFA é a matéria-prima da produção de qualquer fármaco. Na biotecnologia, é a partir de uma célula de um hamster que produz esse medicamento, e a gente vai aumentando essa proteína. Esse processo de produção biotecnológico é de primeiro mundo. A Hemobrás é a primeira aqui na América Latina, só existem cinco no mundo que usam essa tecnologia bem moderna. Já a fábrica de hemoderivados é para dar destino ao plasma que é produzido na coleta que se faz hoje de sangue para transfusão. A gente coleta hoje no Brasil algo em torno de 700 mil litros de sangue como um todo. Desses, uma parte vai para o que a gente chama de Hemoterapia, para tratar dentro de hospital, para fazer transfusão para questões específicas. E a gente tem dessa transfusão 600 mil litros de plasma, que se não tiver uma destinação eles vão para o lixo, e é extremamente rico em proteína que pode melhorar a qualidade de vida de pessoas que têm doenças do sangue.
Qualificação do plasma
O plasma do sangue precisa ser qualificado para ter uma qualidade industrial. A Hemobrás conta com uma empresa parceira contratada, a Octapharma, que faz o fracionamento do plasma na Suíça. A gente traz para a Hemobrás, faz triagem, prepara esse plasma, exporta esse plasma para fazer fracionamento fora e ele volta como medicamento. Então é o plasma do brasileiro, da brasileira, usado para tratar doenças do sangue do brasileiro, da brasileira.
Parcerias
A Hemobrás conta com dois parceiros internacionais. A gente tem dois parceiros de incorporação tecnológica, Takeda, (empresa japonesa) para o fator VIII recombinante, e LFB (Laboratório Francês de Fracionamento e Biotecnologia) para Hemoderivados.
SUS
A Hemobrás ainda não realiza o fracionamento do plasma, mas já é autorizada no Brasil a fazer esse processo. Esse medicamento, tanto o recombinante como os hemoderivados, já tem o registro da Hemobrás. Quando ele chega, a gente vende o medicamento para o SUS em cima de um contrato, um cronograma de entrega. Então, a população brasileira hoje já usa nosso medicamento, a gente só não tem ainda a nacionalização da cadeia toda de produção.
Nacionalização
A gente luta bravamente para nacionalizar a cadeia toda, porque se a gente não tiver a garantia do IFA, da matéria-prima, a gente vai continuar dependente. A ideia é se tornar independente e atender 100% da necessidade da população. Em relação ao fator VIII recombinante, o nosso cronograma é de que ao final de 2025 toda a cadeia de produção da Hemobrás já esteja nacionalizada, até a produção da matéria-prima.
Economia para o Brasil
Quando a produção for totalmente nacional, cada fábrica da Hemobrás vai representar uma economia de R$ 1 bilhão por ano para o Brasil. Ainda importamos insumos para a produção, mas quando a produção for totalmente nossa, a gente vai criar e estimular uma cadeia de produção nacional, porque essa é a lógica do complexo da economia da saúde que a Hemobrás faz parte.