Mínimo terá impacto de R$ 81,5 bi na renda Segundo pesquisa do Dieese, ganho real de 2,5% acima da inflação deve refletir a vida de 60 milhões de pessoas que recebem o piso

Thatiany Lucena

Publicação: 04/01/2025 03:00

O novo salário mínimo, de R$ 1.518, vai gerar um incremento de R$ 81,5 bilhões na renda da população no Brasil. O cálculo, feito pelo Departamento intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), indica que o reajuste pode vir acompanhado de atenção aos preços. Para o economista David Batista, o novo piso, na prática, pode trazer benefícios para as pessoas, mas é essencial monitorar a inflação para garantir que o aumento realmente melhore as condições de vida da população.

Segundo David Batista, apesar da elevação contínua do preço dos produtos, a mudança na renda para 60 milhões de pessoas deve gerar o aumento do consumo das famílias. “O incremento de R$ 81,5 bilhões na renda para a população acaba levando muitas famílias a terem recursos para poder atender até de forma considerável a necessidade de cesta básica, alimentação, moradia e saúde. Issó acaba melhorando a qualidade de vida, além de aumentar o consumo, o que estimula a economia tanto local quanto nacional, já que as famílias acabam gastando mais em bens e serviços”, aponta.

Ainda de acordo com a nota do Dieese, o novo salário mínimo terá um impacto de R$ 125 bilhões na economia. Do total, R$ 81,5 bilhões representam o incremento de renda da população, e R$ 43,9 bilhões correspondem ao aumento na arrecadação tributária sobre o consumo.

De acordo com o economista, o incremento na arrecadação tributária acaba indicando que o governo terá mais recursos para investir em serviços públicos, como saúde, educação e infraestrutura, beneficiando a população de forma geral. Porém, a inflação é outro ponto que deve ser levado em consideração. “É importante considerar que se os preços dos produtos continuarem a subir como estão nesse momento, uma parte do aumento do salário pode ser consumida por esses custos. Isso pode acabar limitando também o poder de compra dos trabalhadores, fazendo com que o aumento real da renda não seja tão significativo quanto parece”, afirma David.

Ele destaca também que quando se fala em inflação, também deve ser levada em consideração a variação que esse novo valor salarial deve ter em diferentes regiões do país. “Em áreas onde o custo de vida é mais alto, o aumento pode não ser suficiente para atender as necessidades básicas, por exemplo, em São Paulo e Rio de Janeiro, onde o custo de vida é muito mais alto do que no Norte e no Nordeste. Em algumas regiões, o novo salário mínimo pode ter um efeito muito mais positivo, portanto, é essencial monitorar a inflação e os preços para garantir que o aumento realmente melhore as condições de vida das pessoas.”