ECONOMIA E NEGóCIOS EM FOCO » Agro puxa a economia no 1º trimestre

por Ecio Costa
@eciocosta

Publicação: 02/06/2025 03:00

A agropecuária teve crescimento expressivo e foi o grande responsável pelo crescimento do PIB no 1º trimestre. O PIB avançou 1,4% em relação ao trimestre anterior. Esse resultado reflete, sobretudo, o salto de 12,2% registrado na agropecuária, puxado por uma expectativa de safra recorde de soja e por condições climáticas favoráveis. Também contribuiu para o desempenho positivo a alta de 0,3% no setor de serviços, que representa quase 70% da economia. Por outro lado, a indústria teve retração de 0,1%, mantendo-se as dificuldades do setor.

A agropecuária foi, sem dúvida, o motor da economia no início do ano. Com peso de cerca de 6,5% no PIB, o setor teve um crescimento expressivo de 12,2% na comparação com o último trimestre de 2024 e de 10,2% frente ao primeiro trimestre do ano passado. Os dados indicam que culturas importantes para o período, como soja (13,3%), milho (11,8%), arroz (12,2%) e fumo (25,2%), apresentaram ganhos tanto em produtividade quanto em volume produzido. 

Em relação ao último trimestre de 2024, os serviços mostraram expansão em atividades como informação e comunicação (3,0%), administração pública (0,6%), outras atividades de serviços (0,8%) e atividades imobiliárias (0,8%). Enquanto o comércio teve leve alta de 0,3% e os transportes recuaram 0,6%.

A indústria, por sua vez, segue enfrentando os efeitos da política monetária restritiva, com impacto principalmente sobre as indústrias de transformação e a construção civil, que registraram quedas de 1,0% e 0,8%, respectivamente, em relação ao trimestre anterior. No entanto, segmentos como eletricidade e gás, água, esgoto e gestão de resíduos cresceram 1,5%, enquanto as indústrias extrativas avançaram 2,1%. 

Pela ótica da despesa, o consumo das famílias cresceu 1,0% no trimestre, puxado por um aumento expressivo de 11,7% no saldo de operações de crédito em relação ao mesmo período de 2024. O investimento, através da formação bruta de capital fixo, cresceu 3,1% no período, puxado por uma plataforma de petróleo da Petrobras. O consumo do governo federal, teve alta de 0,1%. As exportações avançaram 2,9%, enquanto as importações cresceram 5,9%, ainda assim não ajudando para conter a inflação, que segue pressionada.

Continuar estimulando uma economia que cresce acima do seu potencial, com expansão fiscal e programas de crédito, não aparenta ser algo sustentável. A inflação segue pressionando e o mercado de trabalho tem apresentado números que mostram recordes de geração de empregos formais e de baixas na taxa de desemprego. Com tantas incertezas tributárias e Selic alta para combater a inflação, os investimentos tendem a ser reduzidos no curto prazo, seguindo abaixo dos 17% do PIB. Esse ponto preocupa e deve trazer consequências no futuro.