Ele passou 13 meses à deriva Homem sobrevive após barco ser arrastado por mais de 12 mil quilômetros até ser socorrido

Publicação: 04/02/2014 03:00

Pescador bebeu a própria urina e sangue de tartaruga (HILARY HOSIA/AFP)
Pescador bebeu a própria urina e sangue de tartaruga
Majuro - Um pescador que afirma ter passado 13 meses a bordo de um barco à deriva, no Oceano Pacífico, surpreendeu o mundo ao relatar a sua saga pela sobrevivência. Identificando-se como José Salvador Alvarenga, 37 anos, o salvadorenho chegou a Majuro, depois de desembarcar em um pequeno atol do arquipélago. Ele contou ter bebido sangue de tartaruga e capturado pássaros e peixes com as próprias mãos para se manter vivo. “Eu não sabia que horas eram, qual era o dia. Só sabia quando era dia ou noite. Nunca vi terra. Oceano puro, oceano puro. Um mar muito tranquilo — somente dois dias com grandes ondas”, lembrou o pescador, que teria zarpado da costa mexicana, a cerca de 12.500km das ilhas, em dezembro de 2012.

Cerca de mil pessoas recepcionaram o sobrevivente em Majuro, onde ele recebeu tratamento médico e deu início ao processo de repatriação. “Quero retornar ao México!”, afirmou à intérprete Magui Vaca, em seu primeiro diálogo com uma pessoa que falava espanhol. Alvarenga afirmou que nasceu em El Salvador e vivia há 15 anos no estado mexicano de Chiapas, próximo à fronteira com a Guatemala. Ele contou que saiu para passar o dia pescando tubarões na costa mexicana quando a pequena embarcação de fibra de vidro em que estava — de 24 pés, quase 7m de comprimento — perdeu as hélices do motor.

O pescador estaria acompanhado por um adolescente chamado Ezequiel, filho de um colega de trabalho, que teria entre 15 e 18 anos. O jovem, no entanto, morreu no meio da jornada por não comer os animais crus. A perda do companheiro chegou a fazer o pescador pensar em suicídio. “Por quatro dias, eu queria me matar. Mas não pude sentir o desejo — eu não queria sentir a dor. Eu não poderia fazê-lo”, relatou. “Eu tinha minha mente em Deus. Se fosse para eu morrer, eu estaria com Deus. Então, não tive medo”.

Autoridades das Ilhas Marshall receberam com cautela o relato de Alvarenga. Além da ausência de confirmação oficial, a intérprete que auxiliou o sobrevivente considerou que ele estava confuso. As primeiras informações sobre a origem do sobrevivente davam conta de que ele tinha saído da costa do México em setembro de 2012. No entanto, o dado foi corrigido posteriormente, e o pescador explicou que zarpou em 24 de dezembro de 2012. “Não sei o que aconteceu”, declarou à intérprete. Antes de chegar à capital, Alvarenga viajou 22 horas desde o atol de corais de Ebon, para onde o barco em que estava foi levado pelas correntes marítimas.