Israel em investigação Conselho de Direitos Humanos se reúne em Genebra e decide criar comissão de inquérito para apurar crimes de guerra na Faixa de Gaza

Rodrigo Craveiro
rodrigocraveiro.df@dabr.com.br

Publicação: 24/07/2014 03:00

Garota palestina caminha emmeio aos escombros, após bombardeio israelense à Faixa de Gaza
Garota palestina caminha emmeio aos escombros, após bombardeio israelense à Faixa de Gaza
“No momento em que você vê um médico chorando, é quando você percebe que todas as linhas vermelhas foram ultrapassadas.” A frase estampa o perfil no Twitter de Bassel Abuwarda, médico do Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, e acompanha a foto de um colega em prantos.

Em meio à escalada de violência no Oriente Médio e com um cessar-fogo improvável, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou a criação de uma comissão independente de investigação sobre a Operação Margem Protetora, iniciada pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) em 8 de julho.

Por 29 votos a favor, incluindo o do Brasil, 17 abstenções e um único voto contrário (dos Estados Unidos), os 47 países-membros acataram a proposta, após solicitação da Autoridade Palestina. A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, fez duras críticas  a Israel. “Há forte possibilidade de que o direito humanitário internacional tem sido violado, de modo que isso poderia constituir crimes de guerra”, declarou.

Militares israelesnes choram em funeral de soldado (MENAHEM KAHANA/AFP)
Militares israelesnes choram em funeral de soldado
Pillay lembrou que centenas de casas e construções civis, como escolas, foram destruídas em Gaza e atribuiu obrigações a Israel, na condição de poder ocupante.

Enquanto o Exército judeu mantinha a operação militar na Faixa de Gaza, uma ofensiva diplomática sugeria rápido acordo de cessar-fogo. Em visita a Tel Aviv, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, chegou a citar avanços em relação à trégua. “Sem dúvida, demos alguns passos, mas ainda há muito trabalho”, disse Kerry

No entanto, Khaled Meshaal, líder do movimento fundamentalista islâmico Hamas, frustrou as esperanças. “Nós não podemos aceitar qualquer proposta que não inclua o levantamento do bloqueio aos moradores de Gaza. Nossa demanda é que o cerco a Gaza seja suspenso”, afirmou Meshaal, em Doha. “Quantos soldados Israel quer ver mortos antes de o embargo ser levantado?”, provocou. Kerry  eixou o Oriente Médio no início da noite sem expectativa para o fim dos conflitos na Faixa de Gaza.