Um duro golpe na luta contra a Aids Avião abatido na Ucrânia levava cerca de 100 especialistas na epidemia, que participariam de congresso sobre Avião abatido na Ucrânia levava cerca de 100 especialistas na epidemia, que participariam de congresso sobre a doença na Austrália doença na Austrália

Publicação: 20/07/2014 03:00

Congresso em Melbourne (Austrália) seguirá até o dia 25 e deve reunir 12 mil pessoas (STR/AFP)
Congresso em Melbourne (Austrália) seguirá até o dia 25 e deve reunir 12 mil pessoas
Eles morreram tentando salvar vidas. Cerca de 100 das 298 vítimas do voo MH17, abatido no leste da Ucrânia, na quinta-feira passada, estavam a caminho da 20ª Conferência Internacional de Aids em Melbourne, na Austrália. Entre eles, havia cientistas que pesquisavam doença. O mais proeminente era o holandês Joep Lange, 59 anos, que estudava o HIV/Aids desde 1983, foi presidente da Sociedade Internacional de Aids e era considerado por colegas uma sumidade no tema. Lange também era admirado por sua incansável luta para garantir que infectados de países pobres tivessem acesso ao tratamento. “O que ocorreu é terrível. É uma grande perda para o mundo da luta contra a Aids, uma grande perda para a Holanda e uma grande perda para mim”, declarou à France-Presse o também pesquisador holandês Jaap Goudsmit. Em entrevista a uma emissora de televisão australiana, Trevor Stratton, um consultor sobre a Aids, desabafou: “A cura da Aids poderia estar a bordo daquele avião. Simplesmente não sabemos”.

Em uma entrevista coletiva na Casa Branca, o presidente norte-americano Barack Obama também lamentou a morte dos cientistas. “Esses homens e mulheres dedicaram suas próprias vidas para salvar as vidas de outras pessoas, e foram tirados de nós em um ato de violência sem sentido", declarou. "Nesse mundo de hoje, não devemos esquecer que, no meio de conflitos e assassinatos, há pessoas como elas, focadas no que podem construir, em vez no que pode ser destruído; pessoas que se concentram em como ajudar outras que jamais conheceram”, continuou.

Em choque
A cerimônia de boas-vindas do congresso realizada na sexta-feira passada foi marcada pelo choque de pesquisadores e outros envolvidos com o tema. “Esse é um momento difícil. Perdemos amigos, ativistas e pessoas que davam voz aos sem voz”, afirmou Michel Sidibé, diretor-executivo da Unaids. O governador do estado de Vitória, Denis Napthine, também esteve na solenidade e destacou a “perda massiva para nossa comunidade”.

No mesmo dia à tarde, a organização do congresso divulgou um comunicado de imprensa, afirmando que, em honra à memória dos pesquisadores, o evento ocorreria normalmente.

Trata-se de um dos maiores encontros mundiais de HIV/Aids, com presença estimada de 12 mil pessoas.

Tema
Nessa edição, que segue até o próximo dia 25, a conferência  em Melbourne vai discutir a importância de universalizar o acesso ao tratamento em regiões do mundo que ainda não conseguiram controlar a epidemia de Aids, como a África, principalmente devido a dificuldades financeiras e desafios políticos.