Drama das esposas russas Moscou não dá pistas sobre o destino de seus soldados, até mesmo por negar qualquer intervenção na Ucrânia, o que aumenta a agonia das mulheres

Publicação: 31/08/2014 03:00

Kostroma  (AFP) - Enquanto Kiev e grandes potências mundiais acusam Moscou de intervenção militar ilegal na Ucrânia, dezenas de esposas de soldados russos exigem das autoridades explicações sobre o destino de seus maridos.
As jovens mulheres, em sua maioria com idades entre 20 e 30 anos - algumas acompanhadas por crianças de colo -, reuniram-se na semana passada perto da base militar do 331º Regimento da 98º Divisão Aerotransportada, em Kostroma, 330 km de Moscou.
Mas autoridades russas proibiram sua aproximação e a exibição de faixas, declarou Valeria Solokova, esposa de um dos soldados do regimento.
Com cerca de 350 companheiros e outros 50 soldados da base de Ivanovo, o marido de Solokova foi enviado para participar de exercícios militares na fronteira entre Rússia e Ucrânia, mas não entrou em  mais contato com a família.
No início da semana, quinze soldados retornaram, todos feridos, outros em caixões, disse ela. Seu marido não está nem na lista de mortos nem na de feridos. “Um avião cargueiro chegou em Kostroma ontem”, relatou Sokolova, referindo-se ao código militar usado para se referir ao corpo de um soldado morto.
Não há informações sobre o destino dos soldados que partiram de Kostroma, e os comandantes do regimento recusam-se a confirmar que eles estão lutando na Ucrânia. “A única coisa que eles estão dispostos a nos dizer é que não estão na Rússia”, lamenta.
De acordo com a presidente da Comissão de Mães de Soldados russos, Valentina Melnikova - citada nesta quinta-feira pela rede de televisão Dojd -, cerca de 15 mil soldados russos estão combatendo na Ucrânia ao lado dos separatistas pró-russos. A Rússia sempre negou as acusações de Kiev e das potências ocidentais, segundo as quais teria enviado homens para lutar ao lado dos separatistas na Ucrânia.