Entre o terror e a doutrina
Avanço letal dos extremistas no Oriente Médio exige que Barack Obama repense sua estratégia de não mobilizar tropas em terra
Stephen COLLINSON
Agência France-Presse
Publicação: 31/08/2014 03:00
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Obama tem sido enfático em dizer que não enviará mais soldados ao Oriente Médio |
O confronto previsível entre os Estados Unidos e os jihadistas do Estado Islâmico (EI) na Síria representa um verdadeiro desafio para a doutrina de Barack Obama, que se articula agora em torno dos ataques aéreos, mas sem mobilizar tropas de combate em terra.
A visão do presidente dos Estados Unidos, forjada durante os anos nos quais as Forças Armadas norte-americanas estavam atoladas no conflito iraquiano, é que os drones (aviões sem pilotos) estejam no centro da estratégia militar para atacar os combatentes da Al-Qaeda no Paquistão e no Iêmen. E que as forças especiais realizem operações contra indivíduos considerados perigosos na Líbia e na Somália.
Num momento em que se pensa em estender a luta contra o Estado Islâmico do Iraque à Síria, Obama repete que não abandonará a regra anunciada quando iniciou os ataques aéreos: sem norte-americanos em terra para combater o inimigo.
Em um discurso emblemático pronunciado no fim de maio na prestigiada academia militar de West Point, o presidente advertiu contra a tentação de recorrer, em todas as circunstâncias, à potência militar dos Estados Unidos. “A estratégia de invadir todos os países nos quais os terroristas estão implantados é ingênua e insustentável”, disse na época, consciente de que esta teoria seria rapidamente colocada em questão no Oriente Médio.
À margem da superioridade aérea dos Estados Unidos, o presidente quer fortalecer o apoio aos aliados locais de Washington na luta contra o terrorismo, à imagem e semelhança da estratégia colocada em andamento na Somália para enfrentar os insurgentes shebab, onde os Estados Unidos fornecem ajuda financeira e logística às tropas da União Africana (UA).
Critério
Manteve este critério na ofensiva do início de agosto no Iraque dois meses e meio após a retirada das tropas norte-americanas deste país. Os bombardeios no norte do Iraque contra o EI há três semanas permitiram evitar o massacre de milhares de yazidis sitiados no monte Sinjar. Também permitiram que o exército iraquiano e as forças curdas reconquistassem a represa de Mossul.
Eficácia
No entanto, alguns questionam sobre a eficácia de semelhante estratégia se a Casa Branca, como deu a entender nos últimos dias, decidir passar à ofensiva e combater os jihadistas também na Síria. O governo norte-americano repete incansavelmente que a opção militar não pode ser a única resposta. “Muitos têm o sentimento de que a ferramenta mais potente e mais eficaz à disposição do presidente é a ação militar”, explica Josh Earnest, porta-voz de Obama. “Mas o que aprendemos de maneira dolorosa na última década é que uma operação militar realizada pelos Estados Unidos não oferece uma solução duradoura”.
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