Uma visita na hora certa para acalmar os ânimos Em Bruxelas, vice-presidente dos EUA, Mike Pence, ressaltou "compromisso" com a União Europeia

Publicação: 21/02/2017 03:00

Pence falou em nome de Donald Trump, que nas eleições fez duras críticas à UE (EMMANUEL DUNAND/AFP)
Pence falou em nome de Donald Trump, que nas eleições fez duras críticas à UE

Apagar o incêndio provocado pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Esta foi a missão do vice, Mike Pence, e do secretário de Defesa, general James Mattis, em dois fronts distintos. Pence foi a Bruxelas para tentar tranquilizar a União Europeia (UE) após o chefe de Estado republicano classificá-la de “um veículo para a Alemanha”, descrever a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) como “obsoleta” e apoiar a campanha pelo Brexit – a saída do Reino Unido do bloco. Mattis desembarcou em Bagdá para garantir aos iraquianos que Washington não pretende tomar o petróleo, como o próprio Trump insinuou em duas ocasiões.

“Tenho o privilégio, em nome do presidente Trump, de expressar o forte compromisso dos Estados Unidos em manter a cooperação e a parceria com a União Europeia”, declarou Pence, após encontro com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que exortou os EUA a “praticarem o que pregam”. “Aconteceram muitas coisas no último mês em seu país e na UE (…) para que se finja que tudo segue como sempre”, alertou Turk. Segundo ele, os europeus contam com o apoio sincero e inequívoco dos EUA (…) em relação à ideia de uma Europa unida”.

Se o tom foi cordial em relação à UE, o mesmo não se pode sobre os anseios da Casa Branca sobre a Otan. Pence cobrou dos países-membros da aliança transatlântica ocidental os gastos de 2% do orçamento com o setor militar. “Trump espera que nossos aliados mantenham sua palavra de respeitar mais nossa defesa comum. O presidente espera progressos reais até o fim do ano”, disse o vice, ao lado do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg. “A paciência do povo norte-americano não vai durar para sempre”, advertiu.

Em entrevista ao Correio Braziliense/Diario, Olaf Böhnke – analista do Conselho Alemão de Relações Exteriores – afirmou que a visita de Pence à Bélgica é “um sinal importante de confiança e respeito”. “Durante a campanha, Trump fez pesadas críticas à UE. A minha impressão, depois da Conferência de Segurança de Munique, foi de que, apesar de muitas palavras de tranquilidade do vice e dos secretários Rex Tillerson (Estado) e James Mattis (Defesa), os europeus estão bastante chocados e incertos sobre se alguém mais, além de Trump, tem autoridade para falar em nome do governo”, disse. (Rodrigo Craveiro, do Correio Braziliense)

Petróleo

A afirmação do general James Mattis, secretário de Defesa dos Estados Unidos, ao chegar a Bagdá, soou como uma tentativa de apaziguar os temores provocados pelas polêmicas declarações do presidente norte-americano, Donald Trump. Durante a campanha presidencial e dias depois de ser eleito, Trump disse que as tropas dos EUA deveriam ter se apropriado do petróleo iraquiano para financiar a guerra e privar o grupo extremista Estado Islâmico (EI) desta fonte vital de renda. Mattis, o “cachorro louco”, um general da Marinha reformado que participou da invasão do Iraque, aparentemente rejeitou a ideia. “Nos Estados Unidos, pagamos normalmente pelo gás e pelo petróleo, e estou certo de que vamos continuar fazendo isso no futuro. (…) Não estamos no Iraque para nos apoderarmos do petróleo”, comentou, ao iniciar a primeira visita do Iraque como secretário de Defesa.