O incêndio que virou tragédia Prédio de 24 andares foi tomado pelo fogo, causando pelo menos 12 mortes. Dezenas de pessoas estão gravemente feridas em hospitais

Publicação: 15/06/2017 03:00

O grande incêndio registrado entre a noite de terça-feira e a madrugada de ontem em um edifício de moradias sociais da zona oeste de Londres deixou pelo menos 12 mortos e provocou muitas críticas dos moradores ao que consideram uma gestão ineficiente do imóvel. Das 78 pessoas hospitalizadas, 18 delas estão em estado crítico, e muitas estão desaparecidas, o que pode elevar o balanço de vítimas. “Esta será uma complexa operação de busca de vários dias”, afirmou em um comunicado Stuart Cundy, comandante da Polícia Metropolitana.

Sobreviventes da tragédia relataram que viram pessoas caindo ou pulando da torre residencial de 120 apartamentos e 24 andares. Outras testemunhas contaram à agência britânica PA que viram pais jogando os filhos pelas janelas na direção de pessoas que estavam nas ruas, em uma tentativa desesperada de salvar as crianças das chamas. “Escutei gritos de todos os lados e vi pessoas pulando pelas janelas. As chamas devoravam a torre. Um horror”, contou à AFP Khadejah Miller, que mora em um edifício próximo e que foi esvaziado pelas autoridades por medida de precaução.

Ao meio-dia de ontem, a Torre Grenfell, construída em 1974, estava completamente destruída pelas chamas. Muitas horas depois do início do incêndio ainda era possível observar o fogo em alguns pontos do edifício. A comandante do Departamento de Bombeiros de Londres, Dany Cotton, descartou a possibilidade de desabamento e afirmou que uma equipe de engenheiros inspecionava as bases do imóvel. “Em 29 anos de carreira, nunca tinha visto nada dessa magnitude”, declarou, afirmando que as causas do incêndio ainda não foram estabelecidas. Vinte ambulâncias foram enviadas para levar os feridos para seis hospitais de Londres.

As causas do incêndio são desconhecidas, mas os moradores já criticavam a má gestão da empresa que administrava o prédio. “Quase 90% dos residentes assinaram no fim de 2015 uma petição que reclamava da má gestão da empresa responsável pela manutenção do edifício. O administrador me ameaçou pessoalmente”, disse David Collins, presidente da associação de moradores da torre até outubro do ano passado. “Escutei que alguns alarmes de incêndio não funcionaram, não me surpreende. Estou consternado, mortificado, mas não surpreso”, completou.

De acordo com documentos divulgados na internet, alguns moradores reclamaram em várias ocasiões nos últimos anos do estado do edifício e dos possíveis riscos de incêndio. O organismo público KCTMO (Kensington & Chelsea Tennant Management Organisation), que administra o prédio, reconheceu em um comunicado “estar ciente das preocupações de longa data dos moradores”. “É cedo para especular as causas do incêndio”, acrescenta.