REFUGIADAS » Uma em cada cinco sofre violência

Publicação: 26/06/2017 03:00

Uma em cada cinco refugiadas - ou mulheres deslocadas em complexos humanitários - sofreu violência. O número, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), ainda é subnotificado e serve como alerta no Dia Laranja pelo Fim da Violência contra as Mulheres, celebrado ontem.

Segundo a ONU, a discriminação contra mulheres e meninas é causa e consequência do deslocamento forçado e da apatridia (falta de nacionalidade e de cidadania). Muitas vezes, essa discriminação é agravada por outras circunstâncias, como origem étnica, deficiências físicas, religião, orientação sexual, identidade de gênero e origem social.

As mulheres representam 49% das pessoas refugiadas em 2016, de acordo com relatório Tendências Globais, do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Aquelas que estão desacompanhadas, grávidas ou são idosas enfrentam situações de ainda mais vulnerabilidade.

Muitas dessas mulheres estão fugindo de conflitos em sua terra natal e sofreram violências extremas e violações dos direitos humanos, como assassinato e desaparecimento de familiares, violência sexual e de gênero e acesso restrito a alimentos, água e eletricidade. Algumas foram repetidamente deslocadas ou foram exploradas ou abusadas em busca de segurança.

As mulheres refugiadas também são, muitas vezes, as principais cuidadoras das crianças e dos membros idosos da família, o que aprofunda ainda mais a necessidade de proteção e apoio. Com oportunidades econômicas limitadas, as opções para construir meios de subsistência geralmente são limitadas ao trabalho informal de baixa remuneração, o que aumenta o risco de serem colocadas em situações precárias de trabalho.

Dados do último relatório do Comitê Nacional para Refugiados (Conare) apontam que 32% das 10.038 solicitações de refúgio para o Brasil foram feitas por mulheres no ano passado. O número total de refugiados reconhecidos no país aumentou 12% no país, em 2016, chegando a 9.552 pessoas de 82 nacionalidades. Dos refugiados no país, 8.522 foram reconhecidos por vias tradicionais de elegibilidade, 713 chegaram por meio de reassentamento (transferidos de outros lugares) e a 317 foram estendidos os efeitos da condição de refugiado de algum familiar.