Mercosul preocupado com a Venezuela Países do bloco pediram o restabelecimento da "ordem institucional"

Publicação: 22/07/2017 03:00

O Mercosul pediu nesta sexta-feira para a Venezuela restabelecer a ordem institucional e o Estado de direito, numa declaração da cúpula presidencial em Mendoza, na Argetina. Os países do bloco “fazem um chamado urgente pelo fim de toda a violência e a liberação de todos os detidos por razões políticas, instando o restabelecimento da ordem institucional e a separação de poderes”, disse o texto, assinado também por Chile, Colômbia e Guiana, como países associados, e México. A Bolívia, também presente na cúpula como país em processo de adesão, não assinou a declaração. “Convencidos de que a solução para a crise só poderá ser resolvida pelos venezuelanos, instam o governo e as forças opositoras da irmã República Bolivariana da Venezuela ao diálogo, que permita um acordo político digno”, completa o texto.

A crise da Venezuela dominou os debates na cúpula presidencial. “Nossos chanceleres reconheceram formalmente a ruptura da ordem democrática”, declarou o presidente Michel Temer, que assumiu a presidência rotativa do bloco. O documento também pede que o governo de Nicolás Maduro e a oposição “não levem a cabo nenhuma iniciativa que possa dividir ainda mais a sociedade venezuelana ou agravar conflitos institucionais” e reitera sua disposição de acompanhar um diálogo “da maneira que seus atores acharem mais conveniente”.

A Constituinte, apontada pela oposição como uma forma de manter Maduro no poder, está marcada para 30 de julho. Pouco antes, o anfitrião argentino, Mauricio Macri, pediu a adoção de um calendário eleitoral e fez um chamado à paz e “à liberdade dos presos políticos”. “Reiteramos nossa disposição de estabelecer, em consulta com o governo e a oposição, um grupo de contato para mediar um processo de diálogo”, disse, na abertura da cúpula presidencial, nesta sexta. A Venezuela está suspensa do Mercosul desde dezembro, devido ao descumprimento de obrigações comerciais assumidas em 2012, quando entrou no bloco. A suspensão permanente do país foi discutida em debates anteriores à cúpula.

Em comunicado da chancelaria, a Venezuela qualificou a cúpula de Mendoza de “ilegal” e considerou “alarmante o permanente uso temerário do mecanismo de integração a serviço de uma política de perseguição ao governo e ao povo da Venezuela”. (AFP)