Plebiscito simbólico termina com uma morte na Venezuela Milhares de pessoas foram ontem às urnas e votaram contra a Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro

Publicação: 17/07/2017 03:00

Uma mulher morreu, e outras três pessoas ficaram feridas, ontem, quando homens de moto atiraram em opositores que votavam no oeste de Caracas em um plebiscito simbólico contra a Assembleia Constituinte do presidente Nicolás Maduro - informou o Ministério Público. “A pessoa falecida foi identificada como Xiomara Soledad Scott”, de 60 anos, informou no Twitter o ministro do Interior, general Néstor Reverol, garantindo que uma comissão especial da Divisão de Homicídios da Polícia Científica dirige as investigações.

Em um boletim, o MP disse que foi aberta investigação por uma “situação irregular” no populoso bairro de Catia. Vídeos divulgados pela imprensa mostram uma multidão fugindo, entre gritos de pânico e detonações, para tentar se abrigar em uma igreja próxima ao posto de votação atacado. Dirigentes da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) condenaram o episódio e responsabilizaram “grupos paramilitares”. Segundo eles, esses grupos seriam ligados ao governo Maduro. “Não tinha acontecido nada sério, nada grave, nenhuma tragédia a lamentar, mas Maduro e seu regime viram uma participação em massa no plebiscito e se apavoraram”, declarou em entrevista coletiva a ex-deputada da oposição María Corina Machado, ao responsabilizar o presidente. “Esses grupos paramilitares agiram à vontade, sem que os corpos de segurança civis e militares agissem”, denunciou.

O prefeito de Sucre, Carlos Ocariz, pediu ao MP “no curto prazo, já, uma investigação para determinar responsáveis e, claro, punir esses responsáveis”. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) também denunciou que o jornalista Luis Olavarrieta foi retido por desconhecidos, agredido e roubado durante os incidentes. Ele teria sido levado para um centro de saúde.

Convocação
Enquanto seguia o plebiscito, o ministro venezuelano da Defesa, general Vladimir Padrino, pediu a população para votar em 30 de julho nas eleições da Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro. “É um processo sumamente simples, e o chamado é ao povo da Venezuela para que venha no próximo 30 de julho a todos os centros eleitorais (...). Vai ter a oportunidade de votar, de expressar sua vontade”, afirmou o ministro, após participar de uma simulação organizada pelo Poder Eleitoral do pleito para a Constituinte.

O general Padrino e chefes da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) reiteraram em inúmeras ocasiões sua “lealdade absoluta” a Maduro. Segundo Padrino, a Constituinte será um espaço para “que todos os venezuelanos possam dirimir suas diferenças, para nos encontrarmos com nós mesmos e nos encontrarmos com o povo e com suas propostas”. O general garantiu que tanto a simulação da Constituinte quanto o plebiscito da oposição acontecem “em paz”, salvo “incidentes isolados que estão em investigações”. (AFP)