Terror assombra Europa de novo Atentado em Barcelona, cuja autoria foi assumida pelo Estado Islâmico, deixa pelo menos 13 pessoas mortas e cem feridos, inclusive muitas crianças

Publicação: 18/08/2017 03:00

Pelo menos 13 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas ontem em Barcelona, quando uma van avançou sobre uma multidão em Las Ramblas, turística avenida da capital catalã, em um ataque terrorista reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico. “Podemos confirmar que já são 13 mortos e que há mais de 100 feridos” de várias nacionalidades, informou em coletiva o ministro do Interior do governo catalão, Joaquim Forn, ao indicar que poderia aumentar o número de mortos pela gravidade de alguns feridos.

Por volta das 17h locais (12h de Brasília), uma van atravessou a toda velocidade a mais turística das avenidas de Barcelona, onde turistas espanhóis e estrangeiros costumam passear, e percorreu centenas de metros atropelando pessoas. Dois suspeitos foram detidos pelo atentado, um nascido no enclave espanhol de Melilla, no Marrocos, e um marroquino identificado como Driss Oukabir. No entanto, o motorista da van continua foragido, disse o porta-voz da polícia catalã, Josep Lluis Trapero.

Oukabir foi detido em Ripoll, no norte da Catalunha, e o suspeito espanhol, em Alcanar, 200 km ao sul de Barcelona, onde ocorreu uma explosão em uma casa na madrugada passada, que deixou um morto. “A suspeita é que estivessem preparando um artefato explosivo”, assinalou Trapero. Este ataque remete a outros atentados terroristas na Europa com veículos, como o de Nice em 14 de julho de 2016, quando um caminhão conduzido por um tunisiano foi lançado contra a multidão, matando 86 pessoas e deixando mais de 400 feridos.

Testemunhas descreveram cenas de terror na área. “Estava ao lado, no Corte Inglês [loja de departamentos] e ouvi um barulho forte. Tentamos sair, mas não pudemos. Vi quatro, cinco corpos no chão e pessoas tentado reanimá-los, e muito sangue”, contou à AFP Lily Sution, uma turista holandesa. “Quando tudo aconteceu, saí correndo e vi destroços, quatro corpos no chão, pessoas socorrendo, gente chorando e também havia muitos estrangeiros que perderam os seus familiares”, disse Xavi Pérez, de 26 anos e balconista.

O Palácio Real espanhol condenou em duros termos o atentado no Twitter: “São uns assassinos, simplesmente uns criminosos que não vão nos aterrorizar. Toda a Espanha é Barcelona. Las Ramblas voltarão a ser de todos”. “Os terroristas nunca derrotarão um povo unido que ama a liberdade diante da barbárie”, assinalou o chefe de Governo, Mariano Rajoy, que viajou a Barcelona junto com a sua vice-presidente e o ministro do Interior.

Depois de manter a área cercada por um cordão de segurança desde a hora do ataque, as autoridades informaram na noite de ontem que estavam retirando as restrições de acesso ao centro da cidade e o confinamento para as últimas pessoas que se mantinham abrigadas em lojas. O ataque causou o fechamento das estações de metrô e de trem próximas à zona, enquanto cancelavam todas as “atividades lúdicas” do dia na cidade.

Espanha
A Espanha, terceiro destino turístico mundial, permaneceu até agora à margem da onda dos atentados do grupo Estado Islâmico em grandes cidade europeias como Paris, Bruxelas, Londres, Nice e Berlim. Mas em 11 de março de 2004 sofreu os atentados extremistas mais sangrentos cometidos na Europa, quando cerca de 10 bombas explodiram em vários trens de Madri, deixando quase 200 mortos. Os ataques foram reivindicados em nome da Al-Qaeda por uma célula islâmica radical. (AFP)

Escalada
O atentado de ontem foi o 5º este ano na Europa em que terroristas usaram um veículo. O estado islâmico está envolvido em três desses casos. Os cinco atentados atingiram quatro países e deixaram, juntos, 30 pessoas mortas e mais de 170 pessoas feridas

22 de março

Londres (Inglaterra)
4 mortos
40 feridos
Um homem dirigindo um carro avançou contra pedestres no momento em que passava pela Ponte de Westminster. O agressor desceu do veículo e esfaqueou um policial na frente do Parlamento. O policial foi um dos mortos. O terrorista, que agiu sozinho, foi morto pela polícia em seguida.

7 de abril
Estocolmo (Suécia)
4 mortos
15 feridos
Um caminhão atropelou diversos pedestres na Drottninggatan, uma das principais ruas comerciais da cidade. O autor do atentado, um simpatizante do EI, foi preso três dias depois.

3 de junho
Londres (Inglaterra)
8 mortos
47 feridos
Uma Van, guiada em alta velocidade, atropelou diversos pedestres na London Bridge. Depois, homens desceram do veículo e começaram a esfaquear pessoas que estavam em bares próximos. Três terroristas foram mortos pela polícia. Atentado também foi reivindicado pelo EI.

18 de junho
Londres (Inglaterra)
1 morto
10 feridos

17 de agosto    
Barcelona (Espanha)
13 mortos
100 feridos
Uma van atropelou várias pessoas que passeavam por Las Ramblas, um dos locais mais visitados e que mais atraem turistas na cidade de Barcelona. Dois suspeitos foram presos e outro morreu baleado. O EI assumiu a autoria do atentado.

Repercussão

Brasil

“O Brasil reitera sua condenação a todo e qualquer ato de terrorismo, qualquer que seja sua motivação, ao mesmo tempo em que expressa, consternado, seu sentimento de pesar às famílias das vítimas e estende votos de plena e rápida recuperação aos feridos”
Ministério das Relações Exteriores

Estados Unidos
“Os Estados Unidos condenam o ataque terrorista em Barcelona, na Espanha, e farão o que for necessário para ajudar. Sejam duros e fortes, amamos vocês!”
Donald Trump, presidente

Vaticano
“O papa reza pelas vítimas deste atentado e deseja expressar sua proximidade a todo o povo espanhol, especialmente aos feridos e às famílias dos falecidos”
Greg Burke, porta-voz da Santa Sé

Rússia
“O que aconteceu confirma mais uma vez a necessidade de uma legítima união dos esforços de toda a comunidade mundial em uma batalha intransigente contra as forças do terror”
Vladimir Putin, presidente

Reino Unido
“Meus pensamentos estão com as vítimas do terrível ataque de hoje em Barcelona e com os serviços de emergência”
Theresa May, primeira-ministra

França
“Nós permanecemos unidos e determinados”
Emmanuel Macron, presidente