Os heróis anônimos mexicanos Cidades afetadas pelo terremoto, que matou 270 pessoas, reúnem milhares de voluntários ajudando na procura por sobreviventes

Publicação: 22/09/2017 03:00

Sobram mãos para revirar os escombros, comida e água aparecem em abundância, assim como médicos e equipes de resgate, enquanto que estudantes universitários oferecem seus serviços para diminuir o sofrimento do terremoto sofrido no México, que deixou pelo menos 270 mortos. Como no terremoto de 1985, os mexicanos se organizam nas ruas no resgate de sua cidade. Assim que a terra tremeu às 13h14 do horário local (15h14 de Brasília) de terça-feira derrubando dezenas de edifícios na capital, os civis reuniram forças e se lançaram na busca por sobreviventes. Aos gritos, tentavam encontrar sinais de vida entre os escombros. Logo se juntaram a socorristas, bombeiros, militares e policiais.

Há exatos 32 anos, diante de um governo ausente após um terremoto de 8,1 que deixou mais de 10.000 mortos, os mexicanos se organizaram para levantar a megalópole de suas ruínas, transformando sua história social e política. Novamente, e lado a lado com as autoridades e com apoio de tecnologia do século 21, os cidadãos participam do resgate.

Na última quarta-feira, nos escombros da escola primária Enrique Rebsamen, onde 21 crianças morreram, um civil voluntário sem treinamento algum foi determinante para resgatar uma menina presa por mais de 24 horas. Com seu porte pequeno, o voluntário conseguiu entrar em um estreito corredor da pilha de escombros para estabelecer contato com a menina e passar água. Milhares se ofereceram para escavar com as próprias mãos, mulheres levavam alimentos, água e equipamento médico. Estudantes universitários ofereciam seus serviços para atender feridos, avaliar edifícios danificados e dar ajuda psicológica.

A solidariedade se expandiu e, tanto na imprensa como nos locais afetados, pedia-se para que não enviassem mais alimentos perecíveis e que se selccionasse cuidadosamente os resgatistas voluntários. “Estamos perdendo comida, já não precisamos de água. Temos uma lista de materiais médicos que necessitamos”, disse um militar em Condesa. “Não posso deixar você passar sem capacete”, disse um chefe da Defesa Civil a um resgatista, que rapidamente conseguiu um e se enfiou nos escombros. Nas proximidades, passava uma mulher compartilhando sanduíches com voluntários, enquanto outros distribuíam água. (AFP)