INéDITO » Estrelas de nêutrons se fundem

Publicação: 17/10/2017 03:00

Cientistas observaram pela primeira vez a fusão de duas estrelas de nêutrons, um dos fenômenos mais violentos do Universo que fornece respostas para vários mistérios, como a origem do ouro na Terra. “O que é maravilhoso é que assistimos a toda história do início ao fim: vimos as estrelas de nêutrons se aproximarem, girar cada vez mais rápido uma ao redor da outra, vimos a colisão, a matéria e os resíduos enviados em todas as direções”, explicou Benoît Mours, do Centro Nacional de Pesquisa Científica francês.

As duas estrelas foram detectadas em 17 de agosto, quando os centros de pesquisa americano LIGO e europeu Virgo detectaram durante 100 segundos ondas gravitacionais inéditas. “Todos ficaram fascinados”, relatou Mours, cientista responsável pela colaboração de Virgo para a França. Dois segundos após a detecção das ondas, um “flash” de luz na forma de raios gama foi detectado pelo telescópio Fermi da Nasa, a agência espacial norte-americana. Seguiram-se, então, outros “mensageiros” do espaço: raios X, ondas ultravioleta, infravermelho e ondas eletromagnéticas. “Fomos capazes de ‘ouvir o Universo’”, entusiasma-se Gregg Hallinan, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

As estrelas de nêutrons são os objetos mais densos do cosmos, variando de 1,1 a 1,6 vezes a massa do Sol. Se fosse possível preencher uma pequena colher com uma estrela de nêutrons, pesaria o equivalente a 100 mil Torres Eiffel. Esses pequenos corpos são vestígios de estrelas maiores que, no final de sua vida, explodem violentamente. Uma vez terminada a explosão - um fenômeno chamado supernova - sobram objetos extremamente densos: estrelas de nêutrons ou, se a massa da estrela for maior, um buraco negro. As duas estrelas observadas eram do tamanho de uma cidade como Londres e giravam uma em torno da outra na constelação de Hydra, no Hemisfério Sul, a 130 milhões de anos-luz de distância. (AFP)