ALEMANHA » Angela Merkel paga o preço do impasse político

Publicação: 22/11/2017 03:00

A primeira pesquisa de opinião desde o rompimento das negociações para a formação de um novo governo na Alemanha aponta como grande perdedora a União Democrata Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel. Com o país diante da possibilidade de voltar às urnas, depois do resultado fragmentado das eleições legislativas do fim de setembro, a CDU e sua coligada da Baviera, a União Social Cristã (CSU) apareceram com 29,2% das intenções de voto em sondagem encomendada pelo site da revista Der Spiegel – pela primeira vez, abaixo do patamar de 30%.  Os números confirmam a pulverização crescente do cenário político no país que até aqui tem sido o carro-chefe da União Europeia, cuja liderança se empenha em garantir que o bloco “não vai parar” por causa da crise política alemã.

O impasse colocou no centro do processo o presidente Frank-Walter Steinmeier, que tem o poder de decidir pela convocação de uma nova eleição – mas, em um primeiro momento, sinalizou na direção de interceder com os líderes partidários para a composição de uma maioria. “Espero que todos estejam prontos para discutir e possibilitar a formação de um novo governo”, disse Steinmeier, 61 anos, um dos “cardeais” do Partido Social Democrata (SPD). Ministro das Relações Exteriores em dois governos chefiados por Merkel, o veterano político e diplomata precisará de toda a habilidade que acumulou para dobrar as resistências da própria legenda: após obter em setembro o pior resultado eleitoral do pós-Segunda Guerra, o SPD decidiu que não mais participará do gabinete como sócio menor da CDU/CSU. “A Alemanha tornou-se o novo problema da Europa, não importa o que Merkel decida fazer”, avalia Judy Dempsey, da Fundação Carnegie Europa.