Confusão no Congresso da Argentina Milhares de manifestantes contrários à reforma da Previdência protestaram e, após fortes confrontos com a polícia, votação foi suspensa

Publicação: 15/12/2017 03:00

Um protesto convocado por centrais sindicais e reprimido pela polícia acabou, ontem, em violentos incidentes em frente ao Congresso argentino, forçando a suspensão de uma sessão na qual se deveria votar a polêmica reforma da previdência. Os incidentes aconteceram nos arredores do Congresso, quando milhares de manifestantes se reuniam para pedir aos legisladores que rejeitassem a medida impulsionada pelo presidente Mauricio Macri para reduzir o déficit fiscal.

A polícia de choque utilizou jatos d’água, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes, que atiraram pedras e queimaram lixo na rua. Os incidentes deixaram dezenas de feridos, incluindo dois deputados opositores, que foram atendido na enfermaria do Congresso. Legisladores da oposição exigiram aos gritos a suspensão da sessão diante da “falta de condições”.

Em meio à repressão policial, a deputada governista Elisa Carrió também pediu a suspensão porque “não se pode legislar com esta violência”. Apesar da suspensão da sessão, os incidentes prosseguiram durante algumas horas em torno do Congresso, onde automóveis foram atacados e vitrines, destruídas.

O chefe de Gabinete, Marcos Peña, declarou após os incidentes que a reforma “é uma boa lei”. “Vamos trabalhar com as forças parlamentares para ver o melhor momento” para voltar a discutir isto no Parlamento”. “Não acreditamos que pela violência as minorias possam modificar um debate parlamentar”, declarou Peña. O governo considera a reforma fundamental para se reduzir o déficit fiscal.

A reforma prevê mudanças no cálculo e na periodicidade dos ajustes das aposentadorias de 17 milhões de pessoas, com uma redução de gastos anual de cerca de 100 bilhões de pesos (US$ 5,6 bilhões).

Atualmente, as aposentadorias são reajustadas semestralmente com base em um índice que leva em conta a arrecadação tributária e a média dos aumentos salariais. O governo propõe uma atualização trimestral, mas substituindo no cálculo a arrecadação tributária por um índice de inflação. Com o novo cálculo, o próximo reajuste, em março, seria de 5,7%, contra 12%, segundo a oposição.