Presidente do Peru acuado Oposição deu início a um processo para tentar destituir Pedro Pablo Kuczynski, acusado de receber propina da empreiteira Odebrecht

Publicação: 16/12/2017 03:00

A oposição parlamentar prepara um cuidadoso processo para destituir o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, acusado de receber propina da empreiteira Odebrecht. Um grupo de legisladores da oposição reuniu nesta sexta-feira as 26 assinaturas necessárias para solicitar o debate no plenário do Congresso um pedido para declarar “a permanente incapacidade moral do presidente” e “a vacância da Presidência da República”.
O pedido questiona o fato de que Kuczynski tenha negado de início, e de maneira insistente, os seus vínculos com a empreiteira, e depois foi desmentido pela própria Odebrecht. “Essa ação coloca em evidência a falta de verdade no presidente, o que constitui uma incapacidade moral”, diz o texto assinado por parlamentares de várias bancadas opositoras, entre eles os da poderosa Força Popular, que controla o Congresso.
Na quinta-feira, a oposição já havia dado um ultimato a Kuczynski. Disse que se não renunciasse imediatamente, o tirariam do cargo. “Não vou abdicar da minha honra, dos meus valores, nem das minhas responsabilidades como presidente”, respondeu o chefe de Estado, um ex-banqueiro de Wall Street de 79 anos, em discurso à nação na quinta-feira à noite. Assegurou que comparecerá a uma comissão investigadora do Congresso e colaborará com a Procuradoria. Também pediu que seja retirado o segredo bancário “para que revisem tudo o que quiserem”.
“Não vou me deixar ser amedrontado”, assegurou o presidente, que começou o seu mandato de cinco anos em julho de 2016. “O importante é que respeitem o devido processo e permitam que o presidente se justifique. Mas o Peru não pode ser comandado por um presidente que mente para o povo”, declarou Daniel Salaverry, porta-voz do partido Força Popular.
A Odebrecht revelou que pagou quase US$ 5 milhões por assessoramento a empresas vinculadas ao presidente entre 2004 e 2013. Do total, US$ 782.000 foram para a Westfield Capital, empresa de Kuczynski, quando era ministro da Economia e presidente do Conselho de Ministros do governo de Alejandro Toledo. Outros US$ 4 milhões foram para a First Capital, empresa de um ex-sócio. O chefe de Estado negou ter relação direta com a First Capital”. (AFP)